Em entrevista a esta Gazeta, irmã Monique Bourget, diretora técnica do Hospital Santa Marcelina e componente do NAQH – Núcleo de Acesso e Qualidade Hospitalar, falou das metas alcançadas e de projetos que precisam ser concretizados para atender a crescente demanda de atendimentos no hospital
GAZETA – Qual a principal mudança no atendimento com esta nova ala voltada exclusivamente ao tratamento de AVC. O que de fato mudou com relação aos atendimentos feitos anteriormente?
IRMÃ MONIQUE BOURGET: A unidade de AVC (Acidente Vascular Cerebral) já existe há mais de dois anos (foi inaugurada com o Dr. Barradas e sustentada pelo Estado até o ano passado). O Ministério da Saúde criou a portaria do Centro de AVC e ajudou a agilizar o credenciamento dos leitos para poder receber um financiamento melhor para cada leito, visto que a unidade dispõe de médico e enfermeiro 24 horas, como também o apoio de um fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo, assistente social e nutricionista. Contávamos com 9 leitos e depois da proposta do financiamento passamos a ter 14 leitos.
Qual a média de registros de atendimentos mensais de AVC no hospital? Estes 14 novos leitos são suficientes para atender a demanda ou já se estuda novas ampliações?
A princípio os 14 leitos devem atender a demanda aguda por paciente com AVC, porém não é possível regular uma demanda espontânea. Portanto, teremos períodos onde o número de leitos estará adequado e outros onde faltarão. Em 30 meses de funcionamento tivemos 858 pacientes admitidos na unidade de AVC, uma média de 28 pacientes por mês, dos quais quase 10% receberam trombolise, o que significa que eles procuraram o serviço de saúde em tempo para tentar diminuir as sequelas do AVC.
De acordo com informações da assessoria do Ministério da Saúde, a taxa de ocupação da emergência, que em março era de 330%, passou a registrar uma média de 177% nos últimos três meses e em outubro com 170%. Mesmo com esta redução, o pronto-atendimento continua sobrecarregado? Qual a demanda hoje de atendimentos do PS?
Ela continua alta. O serviço tem vários ciclos e infelizmente estamos de novo nesses dias com uma taxa de ocupação de mais de 300%.
Este número tem ligação com a inauguração da Assistência Médica Ambulatorial (AMA) Santa Marcelina? Antes os atendimentos chegavam a quantos por mês?
A AMA tem ajudado a resolver os casos de baixa e média complexidade que antes faziam com que a espera do paciente tivesse maior. Agora temos um pouco menos de pacientes que vêm na porta (média de 60 pacientes – antes era de 100), mas os pacientes mais graves, e que são vários, acabam internando.
Desde a implantação do novo sistema, qual a sua avaliação geral sobre o que já deu certo e o que ainda precisa melhorar?
Entendemos que tudo é um processo e que tivemos várias evoluções, como a implantação do Kan Ban para auxiliar o gerenciamento dos leitos; a classificação das queixas dos usuários para classificar o atendimento conforme a prioridade, e não a ordem de chegada; tivemos um credenciamento de leitos de referência dos andares e das UTIs para melhorar o faturamento do SUS e estamos fazendo reformas para poder abrir uma UTI do PS (previsão de obras para o 1º trimestre de 2013). Estamos ainda aguardando a verba para os equipamentos e a reforma. Outro fator importante é a participação do Estado e do município nas reuniões do NAQH – Núcleo de Acesso e Qualidade Hospitalar, que ocorrem semanalmente.