A exposição “Chegança: Um lugar ao sol e um lugar ao sul” está em cartaz no Museu da Imigração. A mostra aborda a imigração haitiana em um interior do Brasil frio e hostil. Nela, a fotógrafa Sirli Freitas apresenta duas obras diferentes, mas que se complementam em uma espécie de dialética, sendo uma a antítese da outra. Assim, carregando de um lado a denúncia e do outro o anúncio, ambas, de forma inventiva, propõem novos imaginários, novas iconografias, e novos pontos de vista para se olhar o real, acreditando que isso também o transforma.
RACISMO
Em um dos pontos, a exposição traz a obra “Os Iletrados”, um ensaio de retratos frios e nostálgicos, que denuncia os cruéis esquemas de poder e dominação que atravessam o mundo do trabalho e da migração em contexto majoritariamente branco e conservador do sul do Brasil, banhado pela agroindústria, pelo agronegócio, pelo racismo e a xenofobia.
INSTALAÇÃO MULTIMÍDIA
Por outro lado, a artista revela uma instalação multimídia em collab com as trançadeiras haitianas Lutania Charles e Sophonia Elysee, que buscou registrar de maneira sensível, o processo de fazer morada longe de casa, de alguns haitianos que chegaram ao interior de Santa Catarina a alguns anos atrás. Através da fotografia, do vídeo-carta e das artes plásticas, as artistas buscaram mostrar e anunciar quais rituais, amuletos ou mecanismos, ajudaram as pessoas a migrar e construir o seu lugar no mundo, entendendo a casa como um mar cheio de portos.
OLHAR PROFUNDO
“Chegança” foi a vontade de atar as duas mãos, para que juntas, essas duas obras conseguissem carregar a inventividade e a dialética de um olhar profundo, que convida a imaginar, a questionar, mas também a vislumbrar outras relações possíveis, e com elas, outros mundos também.
FOTOJORNALISTA
Sirli é fotógrafa e jornalista, formada em Comunicação Social pela Universidade Comunitária Regional de Chapecó – Unochapecó. Ela atua como fotojornalista esportiva e documental, onde já teve suas fotos publicadas em grandes jornais e agências de fotografias nacionais, como o Estadão e a Folha de São Paulo.
SERVIÇO
O museu funciona de terça a sábado, das 9 às 18 horas, e domingo, das 10 às 18 horas (bilheteria até as 17 horas). Local: Rua Visconde de Parnaíba, 1.316, Mooca. Mais informações no telefone 2692-1866.