Foi na implementação do projeto Convênio Escolar, na década de 50, formulado pelo arquiteto Hélio Duarte, que o Circo Arethuzza, uma das poucas atrações culturais na época, deu espaço para a construção modernista do arquiteto Roberto Tibau. Com o lema de que “a arte espelha a função” surgiu o teatro Arthur Azevedo, na Mooca, em 2 de agosto de 1952.
Nessa cronologia de história e arte, o teatro que está sob reforma desde julho de 2012, se transformará em um dos equipamentos de cultura mais modernos e luxuosos da cidade. “Quando Tibau fez o projeto do teatro, que antes era um circo com um público assíduo de operários e moradores da Mooca, ele pensou em caracterizar as três e principais partes da volumetria da obra. A parte de entrada transparente, para receber e atrair espectadores, a plateia, que espelha uma boa condição acústica com duas paredes que não são paralelas, e por fim, o volume da caixa do palco, que se destaca como um todo, chamando a atenção de que ali é onde acontece o espetáculo”, disse Silvana Santopaolo, arquiteta responsável pela restauração do espaço em entrevista à Gazeta.
HISTÓRIA
Considerado como um dos teatros mais modernos de São Paulo para a época, o teatro Arthur Azevedo, nome dado em homenagem ao poeta e dramaturgo maranhense (1855 – 1905), que sucedeu a cadeira de Martins Penna na Academia Brasileira de Letras, foi inaugurado em 1952, nas instalações do extinto Circo Arethuzza. Roberto Tibau, renomado arquiteto conhecido por suas obras modernistas também foi o responsável pela construção de outros espaços. Entre eles destacam-se mais dois teatros: João Caetano, na Vila Mariana, inaugurado em dezembro de 1952, e Paulo Eiró, em Santo Amaro, implantado em março de 1957.
“Tudo isso estava dentro do projeto do Convênio Escolar, plano para infra-estrutura educacional na cidade, formulado para atuar em conjunto com equipamentos culturais, criado pelo arquiteto Hélio Duarte. Esse período foi muito curto, porém muito rico em termos de arquitetura e produção de equipamentos para a cidade”, explicou Silvana. Nota-se que ao lado do teatro está a Escola Estadual Pandiá Calógeras, que possivelmente fez parte do Convênio.
COMO SURGIU A IDEIA?
Silvana Santopaolo contou que na gestão anterior, o ex-secretário de Cultura, Carlos Augusto Calil, pôs em prática o plano para reformar os espaços culturais da cidade. “Começamos com os menores e agora estamos com os grandes teatros, como o Paulo Eiró”. Antes do projeto, o teatro teve que ser fechado por falta de manutenções, problemas nas poltronas e goteiras, o que impendiam as sessões teatrais no local.
RESTAURAÇÃO
Como o terreno de 3035,16 m² e área construída de 1333,44 m², o espaço localizado na Avenida Paes de Barros, 955, está passando por restaurações no palco e plateia, para a implementação de estruturas com ar-condicionado, nova vestimenta cênica, iluminação e som. O teatro também será adaptado para acessibilidade, com espaços mais largos entre os assentos. Por esse motivo, os 430 lugares serão substituídos por 380, para dar mais conforto e segurança aos espectadores.
O teatro é um patrimônio histórico tombado no ano de 1992, por isso, a fachada será apenas restaurada. “Nós apenas tiramos alguns anexos pendurados na entrada para dar mais visibilidade à obra, para que o público possa ver o teatro, mesmo quando estiver do lado de fora”, informou a arquiteta Silvana.
O subsolo que antes abrigava um restaurante, agora será uma sala-coringa, uma espécie de camarim comunitário, no caso de uma companhia com muitos atores participar das peças em cartaz. “Mudamos o restaurante para o anexo que está sendo construído e agora o subsolo será um grande camarim para abrigar companhias com muitos artistas”, ressaltou.
NOVO ANEXO
O espaço em construção tem 571,74 m² abrigará a administração, que antes era situada na entrada do teatro. Com elevadores e melhor acesso, ele será composto por salas para cursos de cenotecnia, camarins ligados à parte de traz do palco, refeitório e banheiros para funcionários, e por um mezanino com área externa que abrigará o novo restaurante.
A Prefeitura investiu R$ 5,4 milhões para a restauração e ampliação do espaço. A Secretaria de Cultura e de Infraestrutura Urbana e Obras são as gestoras do projeto, em parceria com a Construtora Egetal. O engenheiro responsável pela obra é Salvador Morbach e o fiscal, Gilberto Serai. A arquiteta Silvana Santopaolo trabalha em conjunto com a assistente arquiteta, Melina Kuroiva.
A finalização do projeto está prevista para o fim desse ano e a inauguração será no começo de 2014. No último ano de funcionamento, o teatro recebeu 99.424 espectadores, segundo dados da Secretaria de Cultura.
Excelente matéria! Como mooquense e frequentador do teatro, não sabia que antes era um circo. Gostei do histórico, estudei na saudosa Pandiá e fiquei feliz em saber que em breve teremos o teatro reformado para a disseminação da cultura. Precisamos de mais reportagens como essa!!!!!! Parabéns!!!!!!!!!