Determinação da Secretaria Estadual da Educação causou revolta na comunidade que se mobiliza para que o período não deixe de ser oferecido aos alunos
A Escola Estadual Professor Ascendino Reis deixará de oferecer o curso noturno de Ensino Médio a partir do próximo ano. O caso gerou revolta na comunidade e no Conselho da Escola, que é formado por alunos, pais, professores e direção, que vêm trabalhando para a manutenção do período.
Após tomar conhecimento da descontinuidade, o grupo preparou uma petição expondo que a decisão vai prejudicar diretamente um grande número de pessoas que trabalham e dependem daquela unidade de ensino para estudar. Os professores também não foram comunicados sobre o cancelamento do período.
O documento, que reuniu 1.200 assinaturas, foi entregue à Diretoria Regional de Ensino que, entre outros fundamentos, respondeu que, as classes de Ensino Médio deverão ter um mínimo de 40 alunos. Atualmente, o Ascendino Reis possui 284 alunos ativos, em sete salas de aula, no período noturno; ou seja, justamente dentro da média de 40 alunos por sala.
A Apeoesp – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo emitiu oficio ao Secretário da Educação, Renato Feder, demonstrando preocupação com a medida que “comprometeria o acesso à educação para muitos estudantes, que poderiam ser forçados a interromper seus estudos ou buscar alternativas menos adequadas.”
FALTA DE DEMANDA
Em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) esclareceu à nossa reportagem que, “todo estudante que necessitar tem vaga garantida na rede pública de ensino, sendo sempre direcionado à escola mais próxima de sua residência que possua vaga disponível para o ano/série pretendido.”
Segue a resposta, “A EE Ascendino Reis não obteve demanda suficiente de estudantes para formar turmas na 3ª série do Ensino Médio em 2025. Os alunos serão atendidos na EE Oswaldo Catalano.
Cabe ressaltar que, para frequentar as aulas no período noturno, será necessário que o responsável apresente uma declaração emitida pelo empregador. Caso a escola que ofereça aulas noturnas esteja acima de 2km da residência, será disponibilizado transporte escolar.
A Diretoria de Ensino Leste 5 está à disposição dos alunos e responsáveis para mais esclarecimentos.”
NOTA DE REPÚDIO
Na última quinta-feira, dia 24, a Comunidade Ascendino Reis publicou uma Nota de Repúdio para “repudiar veementemente o fechamento arbitrário do período noturno desta escola em 2025.
Em primeiro lugar, denunciamos a manobra da supervisão da Leste 5 que retirou do sistema da SED a opção de matrículas no período noturno nesta escola para o ano de 2025, ainda durante o período oficial de matrículas.
Em segundo lugar, denunciamos que isso foi feito com o objetivo de neutralizar o empenho de toda a comunidade escolar em provar novas demandas de matrículas para o período e reverter a decisão de fechamento.
Em terceiro lugar, reiteramos que as ações da supervisão foram tomadas a despeito das deliberações do Conselho de Escola que colheu mais de 1.200 assinaturas em uma Petição Pública contra a decisão de fechamento do período, além de ter aprovado várias ações que visavam a divulgar as vagas por meio de faixas, panfletos e formulário on-line etc.
Por fim, denunciamos a transferência obscura de todos os alunos do período noturno do Ascendino Reis para a Escola Oswaldo Catalano sem o conhecimento prévio do Conselho de Escola, dos pais e dos próprios alunos.
Tomamos conhecimento dessas manobras apenas no último dia 18 de Outubro, através da divulgação de uma carta assinada pelo Superior Educacional da Leste 5, Rafael Marcos Pavarati.
Nós lutamos pela manutenção do período noturno do Ascendino Reis, uma escola tradicional e muito querida na região do Tatuapé, que opera em três períodos há mais de 70 anos, atendendo alunos que não conseguem chegar a tempo nas escolas de seus bairros e, desse modo, evitando o aumento da evasão escolar.”
TRADIÇÃO
Criada em 31 de dezembro de 1952, a EE Professor Ascendino Reis é uma das escolas mais tradicionais do Tatuapé. Iniciou o ano letivo em fevereiro do ano seguinte com aulas para todas as séries ginasiais. Entre 1957 e 1960, passou a colégio com a instalação dos cursos científico e clássico; em 1961, anexou-se a ele a Escola Normal instalada no Tatuapé.
No início de suas atividades, por não ter prédio próprio, desenvolveu o curso ginasial, apenas no período noturno, nas instalações do Visconde de Congonhas. Nessa época, denominava-se Instituto de Educação Estadual Ascendino Reis. Até então, não haviam ginásios públicos no Tatuapé, o Ascendino foi o primeiro. Em 1963, transferiu-se para sua sede própria, com cursos ginasial, científico, clássico e normal nos períodos da manhã, tarde e noite. A partir de 1964, disponibilizaram-se quatro classes para o curso primário.
Com a reestruturação da Rede Oficial de Ensino, o Departamento Regional da Educação da Grande São Paulo transformou o instituto em Escola Estadual de Segundo Grau, extinguindo o curso primário e todo o 1º grau. Atualmente estudam cerca de 1.300 alunos, em 35 salas de aula nos três períodos.
QUEM FOI ASCENDINO REIS
O professor Ascendino Reis nasceu em 20 de abril de 1853. Aos 21 anos formou-se em medicina, na Bahia. Mais tarde, em 1890, diplomou-se em ciências jurídicas pela Faculdade de Direito de São Paulo. Ascendino Reis era catedrático de farmacologia da Escola de Medicina, major-médico do Exército e clínico de inúmeras instituições.
Foi lente da Escola Normal secundária desta capital, ocupando as cadeiras de geografia, corografia e astronomia. Extremamente erudito, nas ausências, substituía os professores de português, francês, inglês, latim, história do Brasil, história natural e pedagogia. Suas aulas tinham um cunho singular. Apreciava que seus alunos apresentassem objeções sobre o que ensinava. Em face disso, as aulas decorriam em grande algazarra e às vezes até com momentos tumultuosos. Ascendino Angelo dos Reis faleceu em 1927.
Tudo poderá mudar para melhor em um Futuro, bem próximo.
Estudei desde o primeiro ano do Ensino Médio, no período do noturno, foi exatamente o que me fez toda a diferença, ter oportunidade de trabalhar e estudar, como muitos alunos, que estão querendo ter está oportunidade, agora não abrir primeiro ano em uma escola ou fechar curso noturno, isso significa falta de sensibilidade com nossos jovens, cada um busca melhor lugar, onde facilitar seu emprego, estudo, agora fechar um período noturno de qualquer escola, principalmente Ascendino Reis, que é uma escola de mais de setenta anos de seu funcionamento os três períodos, baseado em um capricho de custos, imagina que isso terá muitos mais custo, quando nossos jovens, procurar outras Fontes, mais fáceis, fora da educação, Caras pessoas que tem o acesso e o poder nas mãos, não deixem isso acontecer, vocês também serão prejudicados, em um futuro bem próximo. Ainda dará tempo, deixem nossos jovens fazerem suas matrícula, na escola que já tem em sua vida, devido seus descendentes em alguns casos, já terem estudado no Ascendino Reis.
Escola de Nome, inclusive no H.C., tem vários médicos que fazem parte de ex alunos dessa escola, estão muito triste com essa horrível decisão de vocês.
Pensem, as Mãos de Deus, irão pesar…….
Nosso bem maior, depois da saúde…. é a Educação., seja QQ período, cada um de acordo com sua necessidade.
essa escola nunca mais será boa como antes, está indo de mal a pior!
Isso e um absurdo que estão fazendo com a Escola Ascendino Reis, o período Notudo e fundamental para os estudantes do 1, 2 e 3 anos e a comunidade da região.
O Governador não é de SP e não conhece as estratégias do jovem trabalhador da zona leste ou daquele que ocupa outra atividade durante o dia, que para conseguir driblar o trânsito e o horário de pico na cidade, precisa estudar no meio do caminho entre o centro e a periferia e, assim, conseguir chegar no horário da aula e exercer o seu direito a educação básica. Escolas de período noturno no Tatuapé são essenciais não apenas para a demanda do próprio bairro, mas principalmente para quem mora nos extremos da zona leste!!
A Diretoria de Ensino Leste 5 esqueceu de mencionar que ela mesma ignorou a demanda por matrículas não permitindo que novas turmas de 1°anos fossem abertas neste ano de 2024. A atual gestão da Seduc promove um desmonte em massa de todo ensino noturno no Estado de São Paulo prejudicando centenas de estudantes que precisam dessa modalidade. Isso é feito de forma silenciosa e covarde.
A supervisão disse em carta que o núcleo de matrícula identificou que não havia projeção de demanda para a 1a série do noturno no AR para 2025. Como eles podem provar isso? Nem a opção de matrícula noturno no AR 2025 existiu no sistema. E os alunos do 9° ano do Congonhas foram automaticamente matriculados no Catalano para 2025. E, ainda, desde o ano passado a DE proibiu a abertura de turmas da 1a série à noite no AR. Como fizeram essa projeção? Com base em quê?