Por muitos anos as antenas parabólicas foram objetos quase obrigatórios em todas as casas brasileiras. Essa situação mudou na última década, com a chegada e a consolidação da TV digital. Agora, com a iminente implantação da tecnologia 5G no país, as antenas estão com os dias contados.
Isso acontecerá devido ao “espaço” ocupado pelo 5G. Cada tecnologia de transmissão de dados, como sinal de TV e internet, ocupa uma banda, que tem uma frequência específica. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) liberou a frequência de 3,5 GHz para o funcionamento do 5G no país, que é o espectro mais utilizado no mundo para este tipo de rede.
No entanto, a banda C, que é destinada à TV aberta via satélite, também opera na mesma frequência. Na prática, isso significa que se o 5G entrar na faixa de 3,5 GHz, nenhum dos dois sistemas funcionaria corretamente, já que um interferiria no sinal do outro, comprometendo a qualidade das transmissões. O problema da telefonia móvel, causado pela infraestrutura das telecomunicações, já é discutido há muito tempo pelo poder público.
Por isso, a TV aberta via satélite migrará para a Banda Ku, que funciona entre 10,7 GHz e 18 GHz. As antenas receptoras da banda Ku são aquelas pequenas, muito utilizadas por provedoras de TV por assinatura. Dessa forma, as antenas grandes, como as parabólicas, desaparecerão completamente e serão substituídas pelos modelos menores.
O problema das parabólicas foi um dos grandes entraves para a entrada do 5G no Brasil. A solução para a questão foi apresentada no edital para o leilão do 5G, documento liberado pela Anatel no fim de fevereiro.
O edital prevê que as operadoras que adquirirem os direitos para utilização da frequência 3,5 GHz terão que distribuir às famílias de baixa renda os chamados “kits de migração”, que contém os equipamentos necessários para a instalação dos novos modelos de antena, as receptoras da Banda Ku. Além disso, as empresas também terão que arcar com os custos da instalação.
De acordo com o último levantamento do IBGE, existiam mais de 6,5 milhões de casas com antena parabólica no país. Durante 18 meses, ocorrerá um período de transição, em que o sinal da TV aberta será transmitido pelas duas bandas. Após esse prazo, todas as emissoras terão que restringir o sinal apenas para a banda Ku.
Especialista em eletrônicos do site Mago da Tecnologia, Ricardo Fernandes explicou à Gazeta sobre a importância da conexão 5G: “O 4G já é muito rápido, capaz de baixar um filme em 2 minutos. Mas, com o 5G, o mesmo filme será baixado em apenas 6 segundos. Até a bateria de nossos celulares passará a durar mais quando o 5G for implantado nos aparelhos, já que a estrutura para o funcionamento da nova tecnologia exigirá menos consumo de energia”.
O leilão do 5G deve acontecer ainda no primeiro semestre deste ano. Porém, a tecnologia só começará a chegar até os brasileiros no início de 2023, e só estará 100% implantada em 2028.