O diretor da Ciesp Leste, Ricardo Martins, entregou um documento à Prefeitura, esta semana, reivindicando a demarcação do parque industrial da Mooca. No aviso estão relacionadas cerca de 126 indústrias que atuam na região. Segundo Martins, os empresários do setor estão preocupados com a probabilidade de terem de se deslocar da Mooca. Após a análise da proposta apresentada, os empresários pretendem marcar uma nova reunião com a Prefeitura para estabelecer uma solução conjunta.
PREFEITO
A intenção do prefeito Fernando Haddad é a de favorecer empreendimentos habitacionais próximos de corredores de ônibus e estações de trem, fartos na região. “Não há sentido promover um polo de desenvolvimento em Itaquera, quando a Mooca já tem 80% de predominância industrial”, explicou João Luciano Granado, diretor da Ferrolene, instalada há 45 anos no local.
INVESTIMENTOS
Para o diretor da Ciesp Leste, se por um lado existe a preocupação das empresas instaladas nos bairros da Mooca e da Vila Carioca, de sofrerem a perda de suas instalações para o avanço imobiliário, por outro, deve haver a preocupação do governo municipal com relação aos recentes investimentos feitos na malha ferroviária que garantiram um ramal para que essas empresas pudessem receber matérias-primas siderúrgicas e escoar seus produtos, a maior parte para a indústria automobilística do ABC. “Não se pode perder essa grande vantagem logística”, ressaltou Martins.
Júlio Hamilton Russo, diretor presidente da Crifér, há 32 anos na Rua Cariri, advertiu que o objetivo do grupo é delimitar o parque industrial da Mooca, pois no local existem 25 mil empregos diretos e 12 mil indiretos gerados pela indústria.
EMPREGO
De acordo com Alexandre Lorenzetti, diretor de Patrimônio da Lorenzetti, tradicional fábrica da Zona Leste e há 90 anos instalada na Mooca, “é louvável que o Projeto Arco do Futuro queira trazer o morador para perto dos postos de trabalho, mas não há nenhum incentivo para permanecermos onde estamos. Bastaria a Prefeitura manter a área industrial blindada, delimitada por pelo menos 200 metros da área residencial.
Somos indústrias limpas, respeitadoras de nossos deveres com nossos trabalhadores e com a fiscalização, somos geradores de emprego e desenvolvimento. Não há porque transformar essa região em zona mista”, sentencia.
ARCO DO FUTURO
Lorenzetti completou dizendo que a proposta dos empresários vai ao encontro do Projeto Arco do Futuro, de gerar emprego perto da moradia dos trabalhadores, numa área com infraestrutura sanitária, transporte, serviços de saúde, creches e escolas. “Queremos crescer mais e conciliar a área industrial com o adensamento imobiliário. Acredito que indústria e moradias podem conviver bem, desde que haja delimitação da área de expansão de cada uma”, avalia.
Já o diretor presidente da Crifér, afirmou acreditar que “se existem 300 mil moradores na Mooca, 10% trabalha na Zona Leste. Há muito tempo, estamos fazendo o que pressupõe o Plano Diretor”, garantiu.
ESPECULAÇÃO
O distrito, composto pelos bairros Hipódromo, Parque da Mooca e Mooca, é hoje um dos mais valorizados. Atualmente, ocorre uma grande transformação da área, com desativações de antigos empreendimentos fabris, que estão dando lugar a luxuosos condomínios residenciais e a novos estabelecimentos comerciais, como shopping centers e redes de supermercados. Quadras urbanas na orla ferroviária, antes ocupadas por galpões industriais, foram inteiramente adquiridas por incorporadores para construção de empreendimentos privados.