O neurocientista Fabiano de Abreu Agrela, especialista em comportamento humano e inteligência, defende que o Brasil deveria implementar uma lei federal para regular o uso de celulares nas escolas, similar à recente medida adotada em Portugal. A proibição do uso de telemóveis em salas de aula para alunos até 12 anos em Portugal foi bem recebida, mas dr. Fabiano acredita que o Brasil precisa de uma abordagem ainda mais abrangente.
Segundo o especialista, o uso excessivo de dispositivos móveis em ambientes escolares tem contribuído para o aumento de casos de ansiedade, dificuldade de concentração e até mesmo o desenvolvimento de vícios relacionados à dinâmica de recompensa instantânea das redes sociais. Ele afirma que uma legislação que proíba o uso de celulares em todas as idades escolares, e não apenas em determinados horários ou locais, seria mais eficaz no combate a esses problemas.
PROGRAMAS DE CONSCIENTIZAÇÃO
Além disso, Agrela destaca que a lei deveria incluir também programas de conscientização voltados para os pais, que são os primeiros responsáveis por introduzir o uso de tecnologias na vida das crianças. “É fundamental educar os pais para que eles compreendam os riscos do uso excessivo de dispositivos móveis”, argumenta.
Ele sugere ainda que as escolas incluam no currículo uma disciplina específica sobre o uso responsável das tecnologias, conscientizando os alunos desde cedo sobre os impactos neurológicos e comportamentais do uso exagerado de smartphones e redes sociais.
DISTRAÇÕES TECNOLÓGICAS
No Brasil, a questão do uso de celulares nas escolas já é discutida em várias esferas, com algumas leis estaduais proibindo o uso em sala de aula, como em São Paulo. No entanto, segundo o especialista, a ausência de uma regulamentação federal deixa espaço para interpretações diversas e, muitas vezes, insuficientes para lidar com o problema em sua totalidade.
O especialista acredita que uma política nacional seria um passo necessário para garantir o bem-estar das crianças e adolescentes nas escolas brasileiras, promovendo um ambiente de ensino mais focado e menos suscetível às distrações tecnológicas.
SAUDÁVEL E PRODUTIVO
Esta proposta também visa combater o crescente impacto negativo das redes sociais, que, segundo Agrela, adaptam o cérebro à busca constante por recompensas rápidas, afetando o desenvolvimento de habilidades como a paciência, a concentração e o autocontrole.
O Brasil poderia, portanto, seguir o exemplo de Portugal e outras nações que já adotaram medidas rígidas para limitar o uso de celulares nas escolas, garantindo um ambiente educacional mais saudável e produtivo.