Em comemoração aos 100 anos do Lar Anália Franco de Jundiaí, a Editora Comenius lançou o livro “Anália Franco- A Educadora e Seu Tempo”. As autoras são Eliane de Christo, jornalista, mestre em Educação pela USF (Universidade São Francisco) e Samantha Lodi, formada em Comunicação Social e doutoranda em História da Educação pela Unicamp. A mulher em foco é Anália Franco, nascida em 1853 e morta em 1919, vítima de gripe espanhola.
A editora ressalta: “Para nós, há uma urgência de darmos voz a figuras históricas que estiveram à frente de seu tempo e agiram para transformar o mundo. Num momento em que as pessoas se desiludem da ação, sentem-se impotentes diante de um contexto complexo e de problemas graves que atingem a sociedade, é bom nos inspirarmos em humanistas que se envolveram em grandes projetos”.
É o caso de Anália Franco. “Numa época em que mulheres não tinham nenhuma participação social no Brasil e ainda pouquíssimas conquistas no mundo – em que a maioria entre nós era analfabeta, sem direito a voto, sem direito ao trabalho remunerado; num contexto em que negros eram considerados ´raça inferior´, primeiro escravos e depois, excluídos do projeto político de se fazer a nação brasileira; numa sociedade em que a religião hegemônica era o Catolicismo conservador – essa educadora brasileira atuou fortemente para que crianças e mulheres tivessem acesso à educação, independente de credo, de raça e de classe social. Ela buscou, com seu projeto, uma luta igualitária, de quem acreditava na liberdade e pôs em prática um projeto de resgate da dignidade dos mais excluídos.”
Os dados recolhidos nas pesquisas de Eliane de Christo e Samantha Lodi evidenciam que Anália teve uma grandeza ímpar, uma contribuição luminosa, nos tempos obscuros em que viveu. A pesquisa mostra também que por mais que lutasse, as adversidades eram tantas, que o trabalho teve seus limites, pelas imposições do seu contexto. Coisa comum em todas as épocas, incluindo a contemporânea: projetos do bem, ideias de vanguarda, ações transformadoras encontram todo tipo de resistência e poderiam ser muito mais eficazes, abrangentes e profundos, se contassem com o apoio irrestrito da sociedade.
De 1901 a 1919, quando morreu, Anália fundou mais de 100 escolas no Estado de São Paulo, entre essas estavam creches, escolas maternais, oficinas e uma colônia regeneradora. Para divulgar sua obra, a educadora – que também era jornalista, escritora e musicista – montou uma tipografia e manteve e ali rodou o “Album das Meninas” e “A Voz Maternal”, além dos manuais que orientavam a formação de professores, que atuavam em sua escola.
Anália Franco teve apoio dos republicanos, maçons e alguns espíritas. Por isso, e por apresentar ideias de vanguarda, foi considerada uma mulher perigosa e perseguida pelo clero. Foi, sem dúvida, uma grande humanista à frente do seu tempo.
O livro tem 284 páginas e custa R$ 44,00.
Mais informações: tels. 4031-2834 e 99244-7609.