Recente pesquisa realizada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) com a colaboração do laboratório Goddard da Nasa (Agência Espacial Americana), revelou uma realidade nada animadora: que a cidade de São Paulo pode ter uma diferença de temperatura de até 14°C no mesmo instante.
Para a autora do estudo e também supervisora do Centro de Análise e Planejamento Ambiental (Ceapla) da Unesp de Rio Claro, a geógrafa Magda Lombardo, trata-se de um sintoma causado pela escassez de árvores e pelo excesso de área construída na cidade, que acabam por gerar as chamadas “ilhas de calor”.
FALTA DE VERDE
E, neste contexto, infelizmente, a Zona Leste aparece como uma das zonas da cidade com os maiores índices de temperatura e, consequentemente, menos áreas arborizadas.
Os números do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) fortalecem o estudo. Em janeiro último, a temperatura no Itaim Paulista chegou a 33,2°C. No mês seguinte, os termômetros registraram 36,1°C e, em março, a temperatura chegou a 36°C.
Na Penha, bairro que já foi refúgio de muitos viajantes e pessoas importantes da sociedade paulistana por conta de sua arborização, os termômetros chegaram a 36,1°C no mês de março.
No Tatuapé, nem mesmo os três parques existentes e suas muitas praças conseguem minimizar a sensação de calor. Isso porque ainda são muitas as ruas sem árvores. Entretanto, quando há arborização, a sensação térmica é totalmente diferente e a temperatura é sensivelmente mais baixa. Caso da Rua Itapeti, por exemplo.
MORADORES PREOCUPADOS
Nas últimas duas semanas, esta Gazeta recebeu várias ligações e e-mails de moradores e comerciantes preocupados não só com a zeladoria dos espaços verdes, mas também com a reposição, preservação e os cuidados necessários para que as árvores se mantenham saudáveis e assim não coloquem em risco a segurança dos pedestres. Entre as indagações estavam questões relacionadas à poda, retirada de árvores com e sem cupim, além do plantio imediato de novas mudas quando as árvores são retiradas.
O QUE DIZ A SECRETARIA
A Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente informou que sempre esteve preocupada com a questão e está ciente da discrepância dos espaços arborizados. Por isso, “vem desenvolvendo diversos programas com o objetivo de equilibrar a distribuição de áreas verdes pela cidade e minimizar os efeitos das ilhas de calor”.
De acordo com a pasta ainda, a Zona Leste foi a região que mais recebeu parques novos na gestão, somando “20 desde 2005”.
Com relação à preservação, desde 2008, quando foi criada a campanha Respeite as Árvores pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, as denúncias de danos a árvores vêm aumentando significativamente. Para denunciar, a secretaria criou o e-mail respeiteasarvores@prefeitura.sp.gov.br.