A produção de uvas das chácaras e as olarias do Tatuapé – Nas duas décadas finais do século 19, devido à promulgação das leis que erradicaram o regime de escravidão em nosso País, os grandes fazendeiros coadjuvados pelo governo passaram a trazer imigrantes europeus. A maior parte deles seguia para as fazendas de café do interior do Estado, na época em extraordinária expansão.
No entanto, uma parcela significativa, aqueles que para cá vinham com recursos próprios, ficava na Capital. Os que seguiam para o interior tinham contratos a cumprir. Em face deles, eram obrigados a trabalhar durante um ano ou mais tempo para saldar as despesas de viagem, que o governo ou os próprios fazendeiros apenas haviam antecipado. Mas, uma vez terminados os tais contratos, nem todos optavam por continuar nas fazendas. Parte deles vinha engrossar a população da Capital, que lentamente ia crescendo.
Circunstâncias várias faziam do Brás o bairro mais procurado. Devido situar-se nas proximidades do Centro, tinha infra-estrutura urbana e prestação de serviços um pouco mais avançadas do que a de outros bairros. Uma incipiente, porém, próspera indústria já começava a emergir.
Nem por isso o Tatuapé deixou de receber uma boa leva deles: portugueses, italianos, espanhóis, sírios, libaneses e, em menor número, pessoas de outras nacionalidades. Alguns se fixaram junto às margens do Rio Tietê, onde instalaram olarias ou deram início a extração de areia e pedregulho; outros começaram a ocupar grandes glebas de terras, desenvolvendo atividades agrícolas ou criação de gado leiteiro e suíno.
A ocupação das terras se dava por compra ou arrendamento. A primeira preocupação que movia estes últimos era a de dar de comer às suas numerosas famílias. Esse primeiro estágio criava uma economia de subsistência na região. Mas, a experiência trazida por eles, de seus países de origem, somada a uma justa ambição de progredir, faziam com que buscassem algo mais.
Trabalhavam dura e tenazmente com o objetivo de produzir excedentes para comercializá-los. A boa qualidade da terra, a abundância de água e a mão-de-obra barata levariam a empreitada a total sucesso. Muitas vezes nem era necessário contratar mão-de-obra externa, o grande número de filhos de cada família permitia dar conta do trabalho e, não raro, com relativa folga.
O velho mercado da Rua 25 de Março começava a ser abastecido com os produtos alimentícios provenientes do Tatuapé. Verduras, legumes, frutas e flores eram diariamente transportados para lá pelos chacareiros ou por seus filhos. Em plena madrugada, ao primeiro canto dos galos, aqueles homens seguiam pelos sinuosos atalhos do bairro com suas rústicas e lentas carroças. Os indivíduos da parte baixa normalmente enveredavam pela Estrada da Penha; os da parte alta, pela atual Rua Padre Adelino.
Paralelamente à Chácara Marengo, grande produtora e distribuidora de uvas e de outros frutos, outras propriedades abasteciam boa parte da população paulistana. Umas produziam grande variedade de hortaliças e legumes, outras dedicavam-se à produção de frutas ou flores e um terceiro grupo, como foi dito anteriormente, responsabilizava-se pelo abastecimento do leite.
As chácaras espalhavam-se por todas as regiões do Tatuapé, mas agrupavam-se em maior número na parte alta, além da ferrovia. Entre outros, são dignos de citação: Antonio Secco, Manoel de Freitas, Joaquim Palhares, João Prata, Francisco Figueira, Antonio Vilhoti, Fares Muntram, Manoel da Silva, a viúva Marques, Ana Brava, Família Loureiro, Silvério Mendes e Graciano Taboada.
A família de Francisco Zicardi começou com vinhedo, passando posteriormente a vacaria, terminando com cultivo de hortaliças e legumes. A família de Antonio Camardo, possuidora de inúmeras áreas de terra no Tatuapé, dedicava-se a outros misteres. A família do doutor Joaquim de Azevedo Soares tinha pomar, horta e alguma criação em suas terras, mas apenas para uso próprio, o mesmo acontecendo com Francisco Guadagnoli e os seus.
Incrível o tema de antigamente. Possuo um carrinho de mão centenário a quem possa interessar uma relíquia, datada dos tempos das olarias do Rio Tietê às margens de Tatuapé e Engenheiro Goulart mais ou menos de 1920 ou antes. Podendo encaminhar imagens do
Totalmente preservado e intacto. Gostaria muito de vê-lo ao Museu do bairro Casa do Tatuapé onde passou Dom Pedro e Braz Cubas
Vlw Sylvio