É pouco provável que o escritor francês Júlio Verne tenha decidido por acaso que sua “Viagem ao Centro da Terra” começaria na Islândia.
Ponto de partida da improvável empreitada, o país nórdico europeu tem características geográficas peculiares, que além de servir como um pano de fundo intrigante para a saga, tornam mais plausível a hipótese de que a viagem seria realmente possível.
Localizada no caminho entre a Noruega e a Groenlândia, Islândia é a segunda maior ilha da Europa (ficando atrás apenas da Inglaterra) e, de fato, o contato que esta região tem com as entranhas da Terra é ininterrupto.
Isso porque a ilha se originou e se elevou acima da Dorsal Atlântica, limite onde se encontram as placas tectônicas Norte-americana e Euroasiática. O território apresenta diversos vulcões ativos e a erupção de um deles deu à Islândia, na década de 1960, a ilha de Surtsey, uma das mais recentes do planeta.
A atividade térmica subterrânea criou ainda no país um número elevado de gêiseres. O mais famoso é o Geysir, que acabou se tornando o nome que define todas as nascentes eruptivas no mundo. Geysir é derivado do verbo islandês “gjosa”, que em português significa jorrar.
A atividade geotérmica responde por alguns dos fenômenos que acontecem na Islândia. Porém outro acontecimento que pode ser observado na ilha – as auroras boreais – são resultado de uma interação física do sol com a Terra, que podem ser vistas pelo homem em raros pontos do planeta.
Ao entrar em contato com a atmosfera do planeta, os ventos solares – fluxos plasmáticos emitidos pelo sol – podem ser observados pela formação de um espectro luminoso, que varia da cor verde até a vermelha, com tamanho entre 3 e 5 mil quilômetros.
O espetáculo de cores pode ser observado por poucos privilegiados no hemisfério norte: na Islândia, Groenlândia e no Canadá. No hemisfério sul, o fenômeno recebe o nome de aurora austral e pode ser visto na Antártida e na Austrália.
A observação da natureza rendeu a Julio Verne histórias cheias de fantasia que ele contou em mais de cem livros, muitos dos quais viraram filmes, como “20.000 Léguas Submarinas” e “A volta ao Mundo em Oitenta Dias”.
Verne é, ainda, um dos autores mais traduzidos no mundo, com versões para 148 idiomas, segundo a Unesco.