Sr redator:
“Há muitos anos meu marido teve um sonho. De tão especial e grandioso, contagiou a mim e a muitas pessoas que o conheceram. Infelizmente, a vida orquestra mudanças independentemente de nossa vontade e, assim, meu marido não teve a chance de ver realizado seu sonho: construir o Museu Brasileiro do Transporte. Não faz mal. Entusiasmo também é um importante legado. E ele o soube transmitir.
Me surpreendo por vezes ao encontrar jovens tão sem energia e vontade de lutar por seus objetivos. Respeito, porque julgar a dor e o ritmo do outro não costuma levar a nada construtivo. Mas, neste comecinho de ano achei oportuno falar disso: o entusiasmo. Sentimento que precisamos realimentar em nossa mente e coração diariamente. Com um mundo tão dinâmico, quase nos atropelando com suas urgências e novas demandas, seguir firme na busca de um objetivo exige coragem e disciplina.
Neste ano que começa, apesar de um 2014 com resultados não muito satisfatórios para diversos setores da economia, consegui vencer muitos desafios para levar adiante um projeto maior, ancorado no sonho que herdei como missão de vida: ver tomar forma, pouco a pouco, um museu que retrate a importância do transporte na vida do nosso País. Um lugar que conte essa história de forma digna, moderna, com acervo multimodal e uma linguagem que alcance e contagie a todos que possam visitá-lo quando estiver pronto.
Investir em cultura e educação, levar adiante iniciativas que visam preservar raízes e legitimar uma história são tarefas árduas. Mas é preciso acreditar que com dedicação, persistência e apoio de profissionais competentes, possamos ir além e vencer o clima de derrotismo que, vez ou outra, quer bater na nossa porta. Olha ele aí, o entusiasmo que mencionei.
Tenho um projeto e estou comprometida com ele. É janeiro e aproveito para renovar minha energia, realimentar meus sonhos e me fortalecer. Seguir em frente, com determinação e foco na busca por patrocinadores que abracem o meu sonho e o meu trabalho e queiram, então, contribuir com a construção de um ambiente que congregue o processo evolutivo de cada setor do transporte nacional – ferroviário, aéreo, rodoviário e aquaviário.
Construir um Museu no Brasil é um desafio e tanto. Mas já avancei alguns passos e, a cada dia mais, me aproximo do ponto de chegada. Estou pronta para persistir nesta jornada.”
Elza Lúcia Panzan
