Sr. redator:
“Sete anos depois de ter sido lançada, a Lei Cidade Limpa é, talvez, a principal mudança urbana pela qual a cidade de São Paulo passou nos últimos anos. As regras que entraram em vigor em 2007 têm como objetivo tornar democrático todo tipo de propaganda, outdoors e fachadas expostas nas ruas de São Paulo. Com os padrões estabelecidos por lei, se destacar passou a ser mais do que ter a maior fachada. Atrair a atenção dos consumidores com uma comunicação simples e direta virou a grande sacada das empresas.
A mudança nas regras em São Paulo limitou o tamanho das fachadas e letreiros de acordo com o tamanho do imóvel. Em pequenos imóveis, com menos de 10 metros de fachada, o limite é de 1,5 m². Já nos imóveis médios, com fachadas entre 10 e 100 m, o limite é de 4m². Nos grandes imóveis, com fachadas com mais de 100m, as fachadas podem ser de até 10m².
O plano também estabelece que os letreiros ou fachadas tenham recuo e não possam ultrapassar mais que 15 cm das vias públicas, bem como o tamanho de totens, que podem ser colocados dentro dos imóveis e devem ter a altura máxima de 5m².
A fachada é considerada a parte mais importante da estrutura arquitetônica de uma empresa. É a representação externa da organização, dos valores e a missão da empresa. Recentes estudos comprovam que uma fachada bem elaborada aumenta, em média, 30% a procura pelos possíveis clientes. Já se imaginou vendendo 30% mais?
Entre os cidadãos, a lei foi amplamente discutida e aprovada pela sociedade. Porém, talvez a sua maior contribuição não tenha sido percebida pela maioria das pessoas. A simplicidade do conjunto de regras ajudou o cidadão a distinguir o certo e o errado e dessa forma fazer cumprir as exigências sem grandes transtornos.
Outra contribuição foi a possibilidade de simplificar as fachadas e dessa forma deixá-las mais fáceis de serem entendidas pelo consumidor que vive apressado. A comunicação visual ganhou destaque, clareza e passou a ser a grande aposta das fachadas de São Paulo.
Entre as empresas, as regras foram entendidas como grandes restrições e de 2007 em diante para se destacar entre os concorrentes era necessário mais do que ter a maior fachada da rua. Estudar a comunicação visual, conhecer o público-alvo, escolher os melhores materiais, a iluminação correta e a aplicação ideal passaram a ser o diferencial para atrair o consumidor. Afinal de contas, o mais importante no processo de comunicação é ter plena certeza de que a mensagem está sendo percebida e entendida da forma correta.
Por outro lado, nos últimos meses a falta de fiscalização e a flexibilização de algumas regras estão colocando o bem-sucedido projeto em risco. Vamos torcer para que os bons projetos continuem superando em qualidade e número a poluição visual da maior metrópole do País.”
Tárcio Oda
