O primeiro projeto de aterramento de fios de uma das ruas da Zona Leste, a do Gasômetro, no Brás, provavelmente será concluído 14 anos depois de sua criação. Pelo menos é o que se apresenta dentro do histórico do plano que passou pelas gestões de Marta Suplicy, José Serra e Gilberto Kassab. Criada em 2000, a ideia só saiu da gaveta em 2011, porém, dois anos depois, foi abandonada.
Após a retomada, há cerca de três meses, o prefeito Fernando Haddad foi até a rua para conversar com comerciantes e acompanhar a situação atual da obras. Ele ouviu reclamações sobre as altas taxas de IPTU, diminuição do número de consumidores e sobre a queda do capital das empresas, resultando no desemprego de muitas pessoas. Após atender aos lojistas, Haddad prometeu cumprir os prazos estabelecidos.
TRAVESSIA
Por enquanto, pedestres, motoristas e alguns comerciantes da rua tentam se adaptar à dificuldade de travessia em alguns pontos, ao barulho das máquinas, à poeira gerada pelas obras e ao trânsito complicado em determinados horários. O consumidor Alberto Lima, por exemplo, disse que é preciso tomar muito cuidado para circular no entorno, pois há vários trechos com desníveis de pisos, tapumes e cones de sinalização. Muitas faixas de pedestres, que foram apagadas durante uma fase do recapeamento da pista, também continuam apagadas.
LOJISTAS
Para o empresário Eduardo Scatigno, membro da Associação de Lojistas da Rua do Gasômetro, desde 2000 ele e outros comerciantes lutam pela revitalização cultural do Brás. Segundo Scatigno, naquele ano o grupo de lojistas formulou um projeto que foi entregue a então prefeita Marta Suplicy. “O plano passou pelas mãos de José Serra, que vencera as eleições seguintes, em 2004, mas não recebeu atenção. Com a saída de Serra, entrou Kassab, que engavetou o documento no primeiro mandato. Seis anos depois, no final do segundo mandato, o prefeito resolveu licitar a obra e contratar um empresa”, lembrou.
QUEDA NAS VENDAS
A construção, que tinha o prazo de um ano para terminar, não chegou à metade. Depois disso, sobraram para os lojistas entulhos, material abandonado, buracos e uma crise financeira. Scatigno afirmou que a imagem da rua se esfacelou com vários problemas, como a falta de vagas de estacionamento, ruas fechadas, colocação de pontos de ônibus em frente a comércios, entre outros. “As vendas caíram 50% e alguns empresários fecharam suas lojas, enquanto outros demitiram funcionários”, reclamou.
FEVEREIRO DE 2014
Depois de uma grande campanha de reivindicação, comandada pelos membros da associação, as obras foram reiniciadas após sete meses de paralisação. “A empresa Premix assumiu a construção e já fez em três meses o que a outra não fez em dois anos. Até agora foi feito o calçamento da Rua do Gasômetro entre as ruas Jairo Gois e Vasco da Gama. Na sequência, a empresa continuará a revitalização até a Rua Monsenhor Anacleto”, explicou Scatigno. Conforme ele, ainda, a empresa adiantou que pretende entregar todas as obras até fevereiro de 2014.
ENTENDA
A requalificação da Rua do Gasômetro foi incorporada ao projeto de reurbanização do Parque D. Pedro II e é constituída pela ampliação das calçadas, com troca de piso em 11.300 m². As travessias de pedestres serão otimizadas e baias de estacionamento e de embarque e desembarque serão criadas. As obras de urbanização preveem ainda a implantação de sistema de iluminação pública e o enterramento de redes aéreas, além de um projeto paisagístico.