Sr. redator:
“Vivemos num país em que o governo prega que está acabando com a pobreza, criando mais postos de trabalho, reduzindo a conta de luz, mas sem propaganda, deixando a inflação aumentar principalmente nos produtos da cesta básica e criando, acreditem, uma nova classe social.
Essa classe social está quase abaixo da linha de pobreza. É a nova classe dos ‘Ricos sem dinheiro’ que está surgindo num País que se diz possuir um povo humanitário, só que a classe política, infelizmente, não enxerga assim. Nela é cada um por si e pelos parentes e amigos, o povo que se dane.
Veja se não é verdade a criação dessa nova classe social na palavra de um cidadão que pagou seus impostos, seu INSS, no começo de 20 salários mínimos, depois passou a ser até 10 salários mínimos para poder se aposentar dignamente e hoje não recebe nem três salários mínimos: sou um idoso sem dinheiro.
Você sabe que faço parte da nova classe social que está surgindo devido à falta de visão de nossos políticos, a dos ‘ricos sem dinheiro’. Temos moradia própria, carro, joias, roupas finas etc. Só não temos dinheiro devido à nossa aposentadoria ser cada ano com menos poder aquisitivo e necessitar de mais remédios caros. Enquanto que nossos políticos têm ganhos cada vez maiores e nada fazem pelo povo.
É a pura verdade, estão reduzindo o cidadão que se sacrificou estudando com dificuldades, trabalhando mais de trinta e cinco anos pela grandeza do País em um simples miserável.
Alguém pode perguntar: por que não vende a casa ou o apartamento? E onde ele vai morar? Para a casa ou apartamento que vive hoje de bom padrão não se paga nada, já para um menor de padrão inferior custa quase mais do que o seu que está à venda. Morar de aluguel, em três tempo, o dinheiro acaba e como ele vai continuar pagando aluguel?
Venda o carro? E como ele vai se deslocar? Dependendo da idade não terá condições de ir de ônibus, se for de táxi em pouco tempo o pouco que recebeu do carro acaba e daí? Venda as jóias? Quem compra? Só se compra o ouro, as pedras e o trabalho nada valem no mercado, o pouco que se recebe acaba em três tempos numa simples compra de supermercado.
Aquele trabalhador que possuía mais de uma residência, as vendeu para se manter. O dinheiro aplicado na poupança que gera zero cinco ou zero seis por cento ao mês, enquanto os juros do cheque especial, dos cartões, dos empréstimos são maiores do que sete, oito, nove por cento. Ou seja, o capital foi embora, foi para os banqueiros.
O governo popular prometeu acabar com o famigerado redutor das aposentadorias para este ano, mas já avisou que será só no ano que vem ou no outro ano. Enquanto isso nossos políticos, que se dizem do povo, possuem mais de uma aposentadoria especial, que paga muito mais do que o cidadão que trabalhou mais de trinta e cinco anos.
Em vista de um quadro cada vez mais crítico, o que vemos nas estatísticas é o número de suicídios de senhores aposentados aumentar exponencialmente. É, dizem alguns políticos, assim sobra mais dinheiro no governo para ser surrupiado através da corrupção. É o que se vê quando vemos reportagens dos hospitais, escolas e ou grandes obras (transposição do Rio São Francisco, por exemplo) cujo dinheiro se foi e as obras ou não saíram do papel ou pararam na metade.
Ou ainda vamos construir estádios de futebol onde muitos ficarão às moscas depois da Copa, só para satisfazer o ego melomaníaco de alguém, enquanto o povo morre à míngua sem atendimento nos hospitais públicos sem condições e sem médicos, as escolas sem professores capazes e o governo pregando que é do povo e pelo povo.
Meus queridos ‘ricos sem dinheiro’ não se desesperem. Não é preciso chegar ao suicídio, vamos fazer uma greve de fome na porta da sede do governo e chamar a TV para chamar a atenção? Ou vamos pedir auxilio às pessoas de bem que conhecemos para que façam um movimento nesse sentido, criando um grande movimento, aí pode dar resultado.
Mas, por amor a Deus, não se suicidem, que os caras de pau vão agradecer por ter mais dinheiro em caixa.”
Euclydes Barbulho
