A indignação de um morador da Rua Dr. José Elias Jordão, que preferiu não se identificar, era tanta, durante a reunião do Conseg do Parque São Jorge, que ele anunciou a sua vontade de fazer justiça com as próprias mãos, caso a Polícia Militar não tome providências. Residente há mais de 50 anos no bairro, ele revelou sua reivindicação ao comandante do 51º BPM/M, tenente-coronel Marcelo França dos Santos, ao comandante da 2ª Cia. do 51º BPM/M, capitão Vitor Rogério dos Santos Silva, e à representante da Subprefeitura Mooca, Alice Maria Heleno.
Em seu lembrete, o morador anotou nomes e endereços de bares existentes na Rua Antonio Macedo. Ao falar sobre os estabelecimentos, lembrou dos motivos pelos quais ele quer tomar uma atitude mais drástica. “Pago meus impostos, conquistei o que tenho com muito trabalho e por isso não sou obrigado a sair de casa, à noite, e ver quatro homens urinando na minha porta, como se nada estivesse acontecendo”, detalha.
CHURRASCO
Segundo ele, a maioria dos bares coloca mesas e cadeiras nas calçadas ou permitem que seus clientes as coloquem no meio da rua. Além disso, alguns fazem churrasco fora do estabelecimento e promovem shows com música ao vivo. “Quando o som não vem dos instrumentos, é produzido pelas caixas de som dos carros que estacionam na Antonio Macedo, entre outras vias próximas”, denuncia.
Ele disse que muitos desses bares não possuem alvará de funcionamento e deveriam ser punidos. Com relação aos frequentadores, além de promoverem a música alta e urinarem nas portas das residências, estacionam seus carros em frente às garagens sem nenhuma preocupação. “Outro dia cheguei em casa com meu veículo, por volta das 20 horas, mas só consegui estacioná-lo às 2 horas, quando os bares fecharam”, reclama.
VIZINHAS DESISTEM
O morador salientou, ainda, que suas vizinhas desistiram de participar da reunião do Conseg, por não verem resultados concretos após seus protestos. “Às sextas-feiras à noite, por exemplo, ninguém consegue sair de casa sem se deparar com cenas lastimáveis. Rapazes e meninas se esfregando ao som de músicas que incentivam ao sexo e outros jovens se drogando. Durante o dia, alguns caminhoneiros de empresas próximas insistem em usar a calçada como espaço particular. Com isso, muitas senhoras andam pela rua com medo de represálias”, aponta.
RUA CESÁRIO GALENO
Dois comerciantes da Rua Cesário Galeno foram à reunião para reclamar de uma situação praticamente idêntica à vivida pelos outros moradores. Segundo eles, que também já foram ameaçados, jovens estacionam seus carros na rua, abrem os porta-malas e tiram caixas de isopor com bebida alcoólica e gelo. Depois de um tempo, já com o som dos automóveis ligado, começam a disputar para ver quem consegue ficar com a música mais alta. “As letras das músicas fazem apologia ao crime, ao sexo e às drogas”, afirma um deles.
Enquanto isso, muitos menores de idade chegam até os carros, dividem as bebidas e também se drogam. Os maiores que estacionam em locais proibidos desafiam as pessoas a fazê-los tirarem os automóveis da entrada das garagens. Um empresário chegou a dizer que, se a polícia quiser, pode apontar envolvidos na venda de drogas e de entrega de bebidas a menores.
Para o comandante do 51º BPM/M, será necessária uma força-tarefa para atender aos dois lugares. Nela, precisaremos envolver a PM, Prefeitura, Guarda Civil Metropolitana, Conselho Tutelar e Vara da Infância e Juventude. “Diante dos fatos, vamos nos reunir e programar a ação”, promete o tenente-coronel França.