Inaugurada em 1917, a Vila Maria Zélia começou a ser construída em 1912, pelo médico e industrial Jorge Street, para dar abrigo aos 2.500 funcionários que trabalhavam na filial do Belenzinho da poderosa tecelagem Cia. Nacional de Tecidos da Juta, cuja sede estava localizada nas imediações da Rua Gabriel Piza, em Santana.
A matriz era um sucesso, com funcionários trabalhando em tempo integral e a fábrica produzindo a todo vapor, inclusive em capacidade máxima, o que levou o empresário a ampliar suas instalações, optando por uma região como o Belenzinho que já recebia muitas indústrias na época e que poderia rapidamente dar abrigo a uma nova instalação industrial.
O terreno escolhido no Belenzinho foi adquirido do Coronel Fortunato Goulart, um grande proprietário de terras da região e sua extensão ia desde a atual Avenida Celso Garcia (nas proximidades do Marco da Meia Légua) até às margens do Rio Tietê, cujo traçado então era bem mais sinuoso do que hoje, já retificado.
Para projetar a nova vila operária, Jorge Street, sempre preocupado com o bem-estar de seus funcionários, procurou na Europa um arquiteto que pudesse colocar na prática a sua ideia de instalações dignas, que não fossem caridosas, mas sim compatíveis com a sua visão de justiça social.
Foi aí que a escolha recaiu para o francês Paul Pedraurrieux.
O arquiteto optou por inspirar-se nas vilas estrangeiras que estavam sendo construídas naquelas primeiras décadas do século 20, cuja inspiração não estava somente no plano de ruas, mas também presente nas edificações residenciais, escolas, e nos estabelecimentos comerciais que haveriam de ser construídos no local.



O que foi erguido era uma autêntica miniatura de cidade europeia dentro da capital paulista, como se fosse um bairro à parte do Belenzinho. Foi construído ali uma capela, dois armazéns, duas escolas (meninos e meninas separado), um coreto, praça, campo de prática esportiva, salão de festas e ainda ambulatórios e consultórios médicos, avanços que não poderiam ser vistos nas demais vilas operárias da época.
TOMBAMENTO
Em 1992, o Departamento Municipal do Patrimônio Histórico (DPH) determinou o tombamento de todos os imóveis da Vila Maria Zélia.
Quatorze anos depois, em 2006, a Prefeitura assinou um convênio com o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, para realizar a restauração da Vila, que alegou problemas no convênio firmado e encerrou em 2010.
A última reportagem que esta Gazeta havia feito sobre a Vila Maria Zélia foi em 2012, e na época nada havia sido feito com relação à restauração e manutenção. Passados dois anos, tudo continua igual.
A assessoria da Sociedade Amigos da Vila Maria Zélia respondeu que “não houve nenhum avanço. Os prédios foram passados para a Prefeitura, voltaram para o Estado e agora, até onde sabemos, voltou a ser do INSS. Mas não foi realizado benefício algum, nem para vila e nem para os prédios abandonados”, finalizou.
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