Dia 5 de setembro de 1668: esta é a data de fundação do bairro que se tornou um gigante na Zona Leste
Com uma população estimada em mais de 98 mil habitantes, o Tatuapé está entre os bairros mais queridos de São Paulo. Com vida própria e cercado por importantes ligações viárias e linhas de metrô, trem e ônibus, tornou-se referência para quem está em busca de um imóvel para morar ou abrir o seu próprio negócio. O bairro é um dos poucos em São Paulo que possuem duas estações do metrô.
Em um bairro que pulsa 24 horas por dia, a gama de serviços é imensa. São duas grandes redes de hospitais particulares, um hospital público que é referência em queimados na América Latina (Municipal do Tatuapé), clínicas médicas de todas as especialidades e de cuidados com a estética, salões de beleza, academias, supermercados e atacadistas, uma grande quantidade de lojas de rua que vendem de tudo, inúmeras lanchonetes e por aí segue.
DIVERSIFICAÇÃO
Na área da Educação, grandes grupos escolares oferecem vagas que vão do berçário ao ensino bilíngue, integral a universidades. Quando o assunto é gastronomia há opções para todos os gostos. Dá até para escolher entre as culinárias italiana, portuguesa, árabe, peruana, japonesa e de várias outras nacionalidades com facilidade. Hamburguerias, pizzarias, empórios mineiros e hortifrutis são outras opções que agradam, e muito, os tatuapeenses.
A região também conta com bares e três shoppings: Metrô Tatuapé, Boulevard Tatuapé e Anália Franco; três grandes parques: Piqueri, Ceret e Sampaio Moreira; três teatros: Fernando Torres, Eva Wilma e Lea Garcia; três bibliotecas: Cassiano Ricardo, Hans Christian Andersen e Paulo Sérgio Duarte Milliet; além de uma relíquia histórica: a Casa do Tatuapé. Se você ainda não conhece vá porque vale muito a pena. Ela fica na Rua Guabijú, 49. Para completar, o bairro ainda abriga a sede do Sport Club Corinthians Paulista!
DESENVOLVIMENTO
Quem mora ou trabalha no Tatuapé sabe do potencial do bairro. Os prédios comerciais, assim como os residenciais, invadiram as ruas antes tomadas por casas. E se a pessoa olhar com um pouco mais de atenção, irá perceber que os canteiros de obras estão a todo vapor em vários endereços. Ou seja: mais lançamentos vêm pela frente.
Destaque para o Eixo Platina, uma solução urbana criada pela Porte Engenharia para realizar um desenvolvimento sustentável para a região. O impacto do empreendimento é enorme não só para o bairro, que tem recebido grandes empresas e várias oportunidades de trabalho, mas também com reflexo na cidade toda, dimunindo deslocamento desnecessários e possibilitando que as pessoas morem a poucos minutos do trabalho.
Toda essa dinâmica reforça o Tatuapé como polo urbano estratégico, capaz de atrair novos moradores e diversificar a oferta de imóveis com alta liquidez.
Desde o desbravadores, até as grandes construções,
o bairro sempre foi uma referência na cidade
O Tatuapé completou, no dia 5 de setembro, 357 anos de fundação. Trata-se de uma longa trajetória que se iniciou em meados do século 16, quando o desbravador português Brás Cubas instalou um rancho próximo de onde hoje fica o Parque do Piqueri – primeiro registro histórico de civilização na região chamada de Tatuapé.
A data em que se comemora a “fundação”, porém, é uma referência ao dia em que o padre Matheus Nunes de Siqueira pediu ao poder municipal a anexação de terras improdutivas entre a sua propriedade e o Rio Tietê.
CASA DO TATUAPÉ
De acordo com o pesquisador e historiador Pedro Abarca, o pedido foi aceito e, mais tarde, as terras do Padre Matheus viriam a abrigar a Casa do Tatuapé – construída entre 1668 e 1698 – considerada a principal evidência da criação do bairro juntamente com o documento de petição citado. Como a petição tinha data de 5 de setembro de 1668, convencionou-se que esta seria a data oficial do aniversário.
Membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e considerado um dos mais importantes estudiosos sobre o Tatuapé, Abarca ainda apresenta um compilado de informações a respeito do desenvolvimento socioeconômico do bairro.
DUAS GLEBAS
A análise tem como base o primeiro período, de 1560 a 1655, quando a região se divide em duas grandes glebas: a de baixo, próxima das margens do Rio Tietê, pertencente primeiro a Brás Cubas e em seguida a Rodrigo Álvares; e a de cima, a região conhecida por Capão Grande, pertencente primeiro a Francisco Velho e após, por herança, a Francisco Velho de Moraes, seu filho.
REGENTE FEIJÓ
Grandes foram alguns dos personagens que passaram pela região do Tatuapé; mas, sem demérito a nenhum outro, talvez o maior tenha sido Diogo Antonio Feijó, mais conhecido apenas por Regente Feijó.
A incrível vida deste homem começou de forma nebulosa. Filho de pais incógnitos, nasceu em São Paulo, tendo sido levado à casa do reverendo Fernando Lopes de Camargo, situada à Rua da Freira, 11. Este padre morava em companhia de Maria Gertrudes de Camargo, sua irmã, viúva de Miguel João Feijó.
FAZENDAS
Depois, de 1655 a 1870, a região de baixo mantém-se unificada, mas passa por diversas mãos: Francisco Jorge, Padre Mateus Nunes de Siqueira, Baronesa Silva Gameiro e Elias Quartim de Albuquerque. A de cima, pelo contrário, fraciona-se em fazendas cujos principais proprietários foram: Diogo Antonio Feijó, João da Silva Carrão e Joaquim Marcelino da Silva – o Califórnia.
ESCRAVIDÃO
Nas primeiras décadas do período entre 1870 e 1940 ocorrem fatos que influenciarão o desenvolvimento futuro de São Paulo e, ao mesmo tempo, da região Leste: o fim da escravidão, a chegada das primeiras levas de imigrantes, a implantação do regime republicano e a construção das várias ferrovias.
CENTRAL DO BRASIL
Destas deu-se especial destaque à Estrada de Ferro Central do Brasil e às suas várias estações entre o Brás e a Penha, popularmente chamadas de “paradas”. É ainda no início desse período que se insere a instalação das linhas de bondes elétricos por toda São Paulo, importando aos moradores, sobretudo, a linha do centro à Penha, que serviu o Tatuapé e toda a vasta região adjacente.
CHÁCARAS
Algumas décadas anteriores a esta fase, as grandes fazendas já começavam a ser divididas em sítios menores que, por sua vez, fragmentaram-se em chácaras fazendo da região a principal fornecedora de frutas, hortaliças e flores para o restante da cidade. Também pertencem a essa época, as duas primeiras atividades industriais do Tatuapé e região: a fabricação de tijolos e telhas e a de grandes barcos (de até 16 metros de comprimento) para o transporte fluvial tanto dos gêneros produzidos nas chácaras como dos produtos provenientes das inúmeras olarias ribeirinhas.
INDÚSTRIAS
Daí em diante, no período de 1940 a 1980, começam a ser instaladas inúmeras empresas industriais fabricantes de incontável e variado número de produtos manufaturados. Algumas delas são novas, fundadas na própria região, outras são oriundas de bairros mais centrais em busca de necessária expansão.
AVANÇO IMOBILIÁRIO
Diante deste quadro, de 1980 em diante, acontece o “boom” imobiliário com enorme expansão dos setores de comércio e de serviços.
A divisão exposta acima tem a intenção de facilitar a compreensão do leitor. Visto que quando o fenômeno do desenvolvimento do Tatuapé e região é observado com mais acuidade, sabe-se que as delimitações em fases não ocorrem de maneira tão simples.
MUDANÇA GRADATIVA
Nesse caso é conveniente esclarecer que, de 1880 a 1940, não é possível afirmar, categoricamente, que a região foi somente agrícola. Isso pelo fato de, contemporaneamente, terem-se iniciado atividades industriais – tijolos, telhas e barcos.
Também as chácaras que ainda dominavam em 1940, as terras do Tatuapé, não desapareceram de uma só vez. Foram, isto sim, cedendo gradativamente seus espaços para as indústrias que chegavam. Até meados da década de 50, ainda eram vistas algumas delas.
SUBSTITUIÇÕES
O mesmo pode ser dito do “boom” imobiliário. As fábricas não desapareceram do dia para a noite e os prédios de apartamentos, como num passe de mágica, surgiram em seu lugar. Aos poucos as edificações das unidades industriais foram demolidas, dando lugar à construção das centenas de edifícios que hoje são erguidos no bairro.
Exemplo disso são as demolições dos prédios da Celite, da Tecelagem Santa Branca e da Douglas Radioelétrica, isso para citar apenas três. Portanto, o que deve ser compreendido é que as diversas fases do desenvolvimento socioeconômico de qualquer região dificilmente se dá de forma abrupta e total. Melhor seria entender que as referidas fases em certo aspecto e durante certo tempo se justapõem.
DISTRITO DO TATUAPÉ
O chamado Distrito do Tatuapé surgiu de um desmembramento do Distrito do Belenzinho. Quando da sua criação, como 28º Distrito de Paz, Decreto nº 6.718, de 2 de outubro de 1934, pelo então governador Armando Sales de Oliveira, o Tatuapé passou a ser o maior distrito da capital, isto pelo fato de ter englobado diversos bairros e vilas adjacentes.
Ocupava o vasto território compreendido entre o Riacho Tatuapé, Rio Tietê e Córrego Aricanduva, chegando até os limites do bairro hoje conhecido por São Mateus. Media, nessa época, 31,4 km2. Mais tarde, uma nova lei, a de número 9.073, editada em 31 de março de 1938, o designou 32ª Zona Distrital. Nova alteração em 30 de novembro de 1944 o transformou em 28º Subdistrito e, finalmente, em 18 de fevereiro de 1959 viria a ser denominado 27º Subdistrito da capital, de acordo com a Lei 2.585.
CARTÓRIO
Em 1964, com o desmembramento de Vila Formosa, seu território passou a 25,82 km2. Em face do Decreto 6.718, citado acima, foi instalado seu primeiro Cartório de Registro Civil em janeiro de 1935, na Avenida Celso Garcia, 3.718. Octavio Godoy Vaz de Oliveira e João Gomes Barreto foram, respectivamente, seus primeiros oficial e juiz de paz, empossados pelo então corregedor, Eduardo de Oliveira Cruz.
