Piso antigo garantia melhor escoamento da água da chuva e diminuía calor
Moradores da Rua João Colaneri, no Tatuapé, reclamam que prestadores de serviço da Prefeitura foram até o endereço para cobrir os paralelepípedos com asfalto. De acordo com o empresário Silvio Mendes, donos de imóveis da rua entregaram um abaixo-assinado ao Ministério Público pedindo que o piso do local fosse mantido da forma original quando tivesse de passar por alguma intervenção. A partir daí, o órgão iria notificar concessionárias como Sabesp, Comgás, entre outras.
Conforme Mendes, a ideia sempre foi a de preservar o lugar, principalmente por também ser uma área de inundação. Nesse sentido, em uma das intervenções da concessionária de água, foi feita a manutenção da rede e cerca de 30 pedras foram retiradas e, depois, repostas. “Ou seja, o piso estava em perfeito estado. No entanto, parece que o plano de recapeamento, permitindo que ruas fossem cobertas por manta asfáltica, foi direcionado à cidade. Contudo, esse não é o desejo de toda a população”, frisou.
Uma das questões levantadas pelos vizinhos, das ruas Irmãos Martins e Cecília Roizen, está relacionada à falta de respeito com o meio ambiente. Além da impermeabilização do solo, a ação também deverá interferir na temperatura da rua e das casas. Agora, as chuvas que eram absorvidas correrão para as bocas de lobo. “Resta saber se a rede de galerias dará conta do volume de água”, apontou o empresário.
Após o início da ação, que contrariou a decisão do MP, moradores foram até os funcionários da empresa para interpela-los. Entretanto, eles pediram às pessoas que procurassem seus supervisores. Mendes disse ter ligado para o telefone indicado por eles, mas recebeu a informação de número inexistente. No dia seguinte, buscou o 156, mas, outra vez, nada de efetivo, somente um protocolo. Vendo que a situação se complicava, o empresário foi à Subprefeitura Mooca e recebeu outra orientação; que fosse ao prédio Martinelli, no centro da cidade. Depois de todo o desgaste, o morador retornou ao MP para reforçar a solicitação feita anteriormente. “Nossa esperança é que a lei obrigue a Prefeitura a retirar o material que foi depositado sobre as pedras. Até porque, esse tipo de pavimentação, sobre o paralelepípedo, não permanece devido à falta de liga entre os dois tipos de materiais”, explicou.
Secretaria responde
A Secretaria Municipal das Subprefeituras (SMSUB) informou que todos os processos licitatórios são conduzidos em total conformidade com a legislação em vigor. Ao longo de um período superior a um ano dedicado a testes e licitações para o recapeamento de vias em paralelepípedo, a Secretaria não recebeu notificações por parte do Ministério Público e/ou do Tribunal de Contas em relação a irregularidades referente ao processo de capeamento.
As ruas selecionadas para inclusão no programa de recapeamento de vias em paralelepípedo passam por intervenções, as quais modificam as características originais dos paralelepípedos. A remoção do asfalto não é recomendada nesse contexto.
Dentre os benefícios proporcionados pela pavimentação asfáltica estão o aumento da segurança viária e da mobilidade urbana. As intervenções realizadas no pavimento em paralelepípedo resultam em um deslocamento mais eficiente tanto para veículos quanto para pedestres, sem prejudicar o escoamento superficial e reduzindo a quantidade de manutenções na via.

O autoritarismo da Prefeitura e do vereador responsável foi impressionante. Sou morador da Rua Cecília Roizen e a escolhi por ser tranquila, com pouco trânsito. Após o recapeamento virou uma verdadeira “motovia” com motoqueiros barulhentos que cortam caminho. A justificativa de “melhorar a mobilidade” urbana jamais pode se sobrepor a qualidade de vida dos moradores.,