Moradores e donos de bares da Rua Emília Marengo estão se conhecendo melhor e o elo tem sido as reuniões do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) do Tatuapé. Infelizmente, a aproximação só ocorreu por conta de denúncias da vizinhança com relação a atitudes de desrespeito, como música alta, mesas e cadeiras nas calçadas, e tumultos na frente dos estabelecimentos.
DESCONFORTO
Esse desconforto fez com que praticamente todos os proprietários de bares da rua e as pessoas que residem no trecho da Emilia Marengo entre as ruas Dr. Roberto Reid Kalley e Adrianópolis fossem ao Conseg na última segunda-feira, dia 17, para reafirmar seus pontos de vista sobre os protestos. Moradores da Rua Mozart de Andrade, por exemplo, foram agradecer pela operação da Polícia Militar. Além disso, demonstraram descontentamento com o fato do problema ter alcançado o limite do absurdo, gerando a mobilização.
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Para os representantes de dois bares, cuja presença é mais assídua nas reuniões, ouvir as questões de quem mora próximo está diretamente relacionado à manutenção do nome do estabelecimento em alta ou em baixa. Segundo eles, é preciso se adaptar à realidade do lugar, seja respeitando os espaços de quem anda a pé, diminuindo a altura do som, modificando o sistema de acústica do prédio, fidelizando os clientes e aproximando os moradores, pois também são potenciais frequentadores.

AGLOMERADO
Outro comerciante afirmou estar sendo acusado de causar problemas que não eram cem por cento de sua responsabilidade, como a presença de mais de cem jovens na frente de seu estabelecimento. Ele relatou que as pessoas compravam bebidas e gelo em um supermercado próximo e ficavam nos arredores do seu bar. Para o dono do lugar, seria melhor ter poucos clientes, e conseguir manter o comércio aberto, do que fechar por ter perdido o controle sobre o número de frequentadores. O empresário disse ter contratado dois seguranças para abrir caminho na rua para os carros passarem.
ABAIXO-ASSINADO
No final de seu depoimento, uma moradora divulgou ter um abaixo-assinado contra um quarto bar, cujo dono também estava no encontro. Ela falou que as pessoas sofrem com a bagunça, por isso havia ido ao Conseg para pedir ajuda da PM e da Subprefeitura Mooca. Quanto ao empresário, esclareceu que conhecia a vizinha, mas não tinha recebido uma reclamação formal. Mesmo assim, ele frisou estar presente na reunião para resolver suas pendências da melhor maneira.
OUVINTES
Para o delegado assistente do 30º DP – Tatuapé, Alexandre Polito, a melhor sugestão para os donos de bares seria a de que eles fossem mais ouvintes. Segundo ele, a tentativa de alguns empresários de se colocarem como vítimas de um problema externo não os ajudaria. “Isso porque todos têm a oportunidade de participar da reunião, mas não comparecem. Inclusive, um dos donos de bar chegou a ser intimado pela delegada titular, Ana Lúcia de Souza, porém se negou a estar presente. Hoje, se sentiu forçado a vir por conta da ação da PM”, informou.
NÃO HÁ VÍTIMAS
Polito foi incisivo ao declarar que as pessoas ficam em ruas próximas a bares porque o lugar tem algo a oferecer. “No caso debatido atualmente, um dos comércios aceitou que os frequentadores fossem se acumulando. No entanto, o volume cresceu a ponto de se tornar incontrolável”, diagnosticou. Por fim, ele explanou não existir a vontade, seja da Prefeitura, da Polícia Militar ou da Polícia Civil, de fechar o bar, até porque há clientes e empregados, diretos ou indiretos, que mantém o “ganha pão” do empresário. “Na verdade, é preciso manter e fortalecer esse laço de comunicação”, completou.