O vice-prefeito de São Paulo, coronel Ricardo de Mello Araújo, esteve em visita à redação do Grupo Leste de Comunicações, na última segunda-feira, 1º de setembro, onde concedeu uma entrevista sobre sua vida e a entrada para a política, como o nome que compôs chapa com o atual prefeito, Ricardo Nunes, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Durante a entrevista, Mello falou sobre várias coisas, do trabalho na Cracolândia e nos baixos do Minhocão até suas pretensões políticas.
MORADOR DO BAIRRO
Morador do bairro do Tatuapé, Mello Araújo tem 54 anos, é bacharel em Direito e Educação Física, possui mestrado em Ciências Policiais e é pós-graduado em Fisiologia do Exercício. Ele é coronel aposentado da Polícia Militar de São Paulo, onde chegou a ser comandante do Batalhão Tobias de Aguiar (Rota), que é o grupo de elite da corporação, além de outros batalhões no Interior do Estado. Ele entrou para a Academia de Polícia do Barro Branco, em 1987, e orgulha-se em dizer que é a “terceira geração de uma família que há 100 anos se dedica à segurança pública de São Paulo”, destaca.
Seu avô, coronel Astolfo Araújo, entrou como soldado na Força Pública e chegou a lutar na Revolução de 1932, onde foi ferido em combate. Seu pai foi comandante geral do policiamento da Capital e do Batalhão de Choque e também se aposentou como coronel. Ele contou ainda que o filho caçula, seguindo os passos dos familiares, ingressou recentemente no Barro Branco.
INCENTIVO AO ESPORTE
Outra paixão declarada pelo vice-prefeito é a corrida de rua. Ele conta que é comum fazer percurso pela cidade onde pode ficar mais perto da população e fazer fiscalizações. “Ontem (domingo), eu e minha esposa corremos 22 quilômetros e visitamos seis parques na cidade”, declara. Ele também disse que sempre que pode e quando seus compromissos são na sede da Prefeitura, no Viaduto do Chá, opta em andar de Metrô. “É onde você sente a população”, assegura.
Ele tem dois projetos em andamento envolvendo crianças e esporte, já que na sua opinião o melhor caminho contra o aliciamento do crime é ocupar os jovens com atividades legais. Um dos projetos vai envolver policiais militares com formação em Educação Física em atividade delegada pela Prefeitura, que oferecerão aulas de esportes, passando valores nos centros esportivos da cidade no período inverso ao da escola. “Se nós investirmos nas crianças, vamos conseguir criar uma geração diferenciada”, garante.
Outro projeto envolve a reforma da pista de atletismo da Academia do Barro Branco e aproximação com três escolas do entorno para desenvolver atividades físicas.
Um terceiro projeto que está em estudo é a parceria da Prefeitura com os clubes esportivos da cidade como Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Juventus etc., também com o objetivo de agregar crianças do bairro na ocupação esportiva.
IMPUNIDADE
Sobre o aumento dos índices de furtos e roubos no Tatuapé, principalmente no caso da “Gangue das Motos”, o vice-prefeito foi enfático em dizer que a criminalidade vem aumentando na mesma proporção do sentimento de impunidade.
“Problema de segurança pública não é problema das forças de segurança. A polícia prende as mesmas pessoas todos os dias e a justiça solta no outro dia e, às vezes, no mesmo dia. Por isso, nós temos que cobrar ações mais eficazes do Judiciário e do Legislativo, com uma mudança brusca e imediata na Lei de Execuções Penais e na Audiência de Custódia”, contesta.
“Quando o indivíduo tiver a certeza que vai ficar dois, três ou cinco anos preso, ele vai pensar duas vezes antes de cometer outro crime”, declara.
BASE DA GCM
Sobre uma das demandas mais solicitadas nas reuniões dos Consegs do Tatuapé que é a volta da base da Guarda Civil Metropolitana para um ponto mais central da área da Subprefeitura Mooca. Ele entende que é uma necessidade urgente por conta da logística já que atualmente a base está localizada na Avenida do Estado. Ele contou que fez a solicitação do estudo à Secretaria de Segurança Urbana, logo após uma reunião que teve com os presidentes dos Consegs da região.
DESPERDÍCIO
Em suas redes sociais, Mello gravou um vídeo falando sobre o desperdício de cobertores recebidos pela população de rua durante as operações de inverno. “Eles recebem o cobertor à noite e pela manhã dispensam nas ruas da cidade, por que sabem que vão receber outro novo na mesma noite. São toneladas jogadas fora. É um absurdo”, afirma.
Ele entende que essas pessoas devem ser educadas “como nossos filhos” e que precisa haver um cadastramento para por fim ao lixo e ao gasto desnecessário pela Prefeitura. “Para este ano já não conseguimos fazer mais nada, mas no ano que vem, já teremos esse mecanismo”, promete.
TRAJETÓRIA
Sua trajetória na política começou em 2020 quando foi nomeado para comandar o Ceagesp e começou a aparecer na mídia pelo trabalho que vinha desenvolvendo e pelas mudanças que fez no local. Mais tarde, em 2023, foi indicado para compor com Nunes a chapa vitoriosa à Prefeitura de São Paulo.
Sobre suas pretensões políticas, ele declara que “Deus me colocou na vida pública e eu só tenho uma pretensão fazer a minha parte mostrando que é possível fazer diferente, combater as coisas erradas e sair de cabeça erguida no fim do mandato”, declara.

