O Governo do Estado de São Paulo abriu, na última segunda-feira, dia 6, a consulta pública para o projeto de Parceria Público-Privada (PPP) da Linha 16-Violeta do Metrô, que visa ligar a Zona Leste à Zona Oeste.
Com investimento previsto de R$ 37,5 bilhões, a primeira etapa de obras da nova linha prevê 19 quilômetros de extensão e 16 estações (Teodoro Sampaio; Oscar Freire; Nove de Julho; Jardim Paulista; Parque Ibirapuera; Dante Pazzanese; Ana Rosa; Parque Aclimação; Parque Independência; São Carlos; Paes de Barros; Vila Bertioga; Álvaro Ramos; Regente Feijó; Anália Franco e Abel Ferreira). Neste trecho, a expectativa é transportar uma média de 475 mil passageiros por dia até 2040.
PÁTIO DE
MANOBRAS
Duas audiências públicas foram realizadas na terça e na quarta-feira, dias 7 e 8, nas quais vários empresários e representantes de entidades da Mooca se mostraram a favor da chegada do Metrô à região; porém, questionaram de forma veemente o impacto que um pátio de manobras de trens previsto no projeto vai causar na área. A proposta do Governo é que o espaço de 85 mil metros quadrados seja instalado na Avenida Henry Ford, próximo à Rua Sarapuí, local que atualmente abriga mais de 60 indústrias e que ficará próximo à Estação São Carlos.
O superintendente da Distrital Mooca da Associação Comercial de São Paulo e presidente da Associação Av. Henry Ford, Mooca & Região, Anderson Festa, afirmou: “Do ponto de vista urbanístico, a desapropriação de áreas que permanecem tão dinâmicas como a Henry Ford não faz o menor sentido.”
Segundo ele, a desapropriação de grandes empresas vai impactar negativamente não só na região mas em toda a cidade, já que vai ocasionar um desemprego muito grande em um local que gera R$ 9 bilhões em faturamento.
Festa aponta também o total desconhecimento do Governo pela atividade econonômica desenvolvida na região e menciona o documento técnico do estudo de viabilidade que cita “O Parque da Mooca é uma região predominantemente constituída por galpões logísticos e ‘pequenas indústrias’ (o grifo é dele) em um terreno de pequena variação topográfica, localizada na planície de inundação do rio Tamanduateí.
IMPACTO
NEGATIVO
A especialista em infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Renata Moura Sena, disse: “O projeto prevê a desapropriação de mais de 40 empresas que geram emprego e renda para inúmeras pessoas, sem contar a arrecadação de impostos.”
Como proposta, Renata, assim como outros participantes, sugeriu a transferência do referido pátio para a Avenida Presidente Wilson, onde, segundo ela, “há uma série de imóveis abandonados, subutilizados ou que foram invadidos”. Ela afirmou que a instalação do pátio no local previsto no projeto vai afetar diretamente mais de 220 empresas na região.
CUSTO-BENEFÍCIO
Durante a audiência, o diretor da Companhia Paulista de Parcerias, Augusto Almudin, informou que o Estado está aberto a ouvir todas as propostas da população. Sobre o pátio previsto no anteprojeto, ele destacou que a empresa avaliou diversas outras alternativas e que a escolha se deu porque o local apresenta o melhor custo-benefício de implantação e é o mais tecnicamente viável.
Sobre a instalação do pátio no antigo terreno da Cia. Antarctica, apresentado em outra proposta, Almudin afirmou que o citado terreno está distante cerca de um quilômetro e que, caso a proposta seja aceita, o impacto socioambiental poderia ser maior, além do aumento do custo final da obra. Ele informou que seria necessária a construção de um túnel de 1.000 metros, não previsto no projeto atual.
Durante a consulta pública, a sociedade poderá contribuir, até o dia 7 de novembro, com sugestões para o aperfeiçoamento do projeto. As contribuições deverão ser enviadas por escrito, exclusivamente para o e-mail ppplinha16@sp.gov.br, utilizando o formulário-modelo disponibilizado na página do projeto no site www.parceriaseminvestimentos.sp.gov.br (aba Audiências e Consulta Pública). Serão consideradas as contribuições enviadas dentro do prazo e com todas as informações obrigatórias preenchidas.
