Com canções inéditas de Chico César, Alfredo Del-Penho e Beto Lemos, encenação de Luís Carlos Vasconcellos e texto de Braulio Tavares, ‘Suassuna – O Auto do Reino do Sol’ traz no elenco a companhia Barca dos Corações Partidos, premiada por ‘Auê’, ‘Gonzagão – A Lenda’ e ‘Ópera do Malandro’
O musical é um espetáculo para toda a família, que traz na essência uma série de características de seu homenageado. Ariano Suassuna (1927- 2014) defendeu incansavelmente a brasilidade e a valorização da cultura nacional, ao mesclar a arte popular e o universo erudito em todas as suas obras.
Idealizadora deste tributo ao escritor paraibano, a produtora Andrea Alves, lançou o desafio para a Cia. Barca dos Corações Partidos e convidou três ilustres conterrâneos de Ariano para criar algo totalmente inédito, inspirado em seu legado e desenvolvido em um processo coletivo. Desta forma, nasceu o musical, com canções de Chico César, encenação de Luís Carlos Vasconcellos e texto de Bráulio Tavares.
O texto e as canções do musical foram produzidos ao longo do processo de ensaios, que começou ainda no ano passado, quando o elenco fez uma série de oficinas circenses e também excursionou pelo Nordeste brasileiro no que foi chamado de Circuito Ariano Suassuna.
Neste período, Bráulio Tavares idealizou a história central da montagem, centrada em uma trupe de circo-teatro e nos acontecimentos de uma noite de apresentação do grupo. O picadeiro de um circo é o cenário perfeito para aparecerem personagens de Ariano, como João Grilo e Chicó (‘O Auto da Compadecida’) e outros conhecidos da Literatura Clássica, além de servir como pano de fundo para as histórias dos integrantes da companhia fictícia.
O projeto sempre quis falar de Ariano sem, no entanto, apresentar um espetáculo biográfico ou mesmo uma adaptação de suas obras. A criação foi toda impregnada de Ariano, de seus personagens e de seu universo, relata Luís Carlos Vasconcellos, que trouxe toda a sua imensa bagagem como palhaço para o processo. ‘É uma homenagem ao Ariano palhaço. O público é guiado por uma espécie de Palhaço Mestre de Cerimônias, como era habitual em seu teatro’, diz.
A parte musical seguiu pelo mesmo caminho. Os textos poéticos e as letras das músicas usam as formas tradicionais de poesia popular que foram cultivadas por Ariano, como a sextilha, a décima, o martelo e o galope. Chico César mostrava as melodias e algumas letras surgiam de improviso, outras cabiam exatamente em alguns trechos do texto. A maioria das letras ficou a cargo de Braulio Tavares, mas também muitas canções são de Beto Lemos e Alfredo Del Penho (que dividem a Direção Musical com Chico) e de outros integrantes da companhia, como Ádren Alves e Renato Luciano. ‘Contaminação foi a palavra que define todo este projeto. As melodias foram contaminadas pelas letras e vice-versa. Criamos algo novo, mas totalmente contaminado por Ariano’, analisa Chico, a quem o escritor chegou a dedicar um livro de poesias.