A delegada Jaqueline Rose Silva Lopes Zajac falou com a Gazeta na semana passada sobre o trabalho que vem desenvolvendo à frente da 5ª DDM – Tatuapé. Ela é delegada de polícia há oito anos e, desde 2021, está na Delegacia de Defesa da Mulher. É formada em Direito, possui especialização em Direito Previdenciário e Empresarial e qualificação em Mediação e Conciliação.
Com cinco viaturas e 29 policiais, a 5ª DDM funciona 24 horas e atua na mesma área da 5ª Delegacia Seccional, que compreende 12 distritos policiais na Zona Leste e atende a uma população de 1,2 milhão de habitantes. A delegacia atua em questões de violência doméstica e familiar, além de crimes de natureza sexual contra mulheres, crianças e adolescentes.
ROMPIMENTO DO CICLO
A delegada salientou a importância de romper o ciclo da violência doméstica que, para muitas mulheres, parece não ter fim. Ela mencionou a relevância do registro do boletim de ocorrência presencialmente em uma delegacia ou, de forma remota, por meio do aplicativo SP Mulher, disponível em todas as plataformas de celular, que também pode ser utilizado para registros de ocorrências e pedidos de socorro.
Jaqueline insiste que a mulher não deve ter medo de procurar uma delegacia ao primeiro sinal de violência, ainda que seja apenas para receber orientações, e apresenta números alarmantes: entre janeiro e outubro deste ano, foram 6.061 registros realizados em sua unidade. Desse total, cerca de 90% referem-se aos crimes de lesão corporal, vias de fato e injúria real.
LEI MARIA DA PENHA
Com relação ao crescimento no número de registros, Jaqueline destaca que “está havendo maior conscientização das vítimas, principalmente após a criação da chamada Lei Maria da Penha. Foi uma virada de chave”, aponta a delegada.
Uma deficiência que precisa ser corrigida, segundo ela, é o acolhimento das mulheres agredidas. As vítimas que não têm para onde ir são recebidas na Casa da Mulher Brasileira, no Cambuci, um equipamento público de referência que oferece atendimento multidisciplinar para dar às mulheres o suporte necessário à superação da situação de violência. Segundo Jaqueline, a distância e as dificuldades fazem com que, muitas vezes, as mulheres desistam de ir até o local e voltem para casa e fiquem debaixo do mesmo teto do agressor. Ela defende a instalação de mais unidades, inclusive uma no Tatuapé.

