O cantor, compositor, instrumentista, arranjador e produtor Itamar Assumpção, morador ilustre do bairro da Penha, terá uma estátua em sua homenagem instalada na frente do Centro Cultural Penha (CCP), no Largo do Rosário, 20. Foi no CCP que o artista gravou a trilogia “Bicho de 7 cabeças”, em 1993, e que também conta com um estúdio em sua homenagem.
BISNETO DE ESCRAVIZADOS
Pai das cantoras Anelis Assumpção e Serena Assumpção (falecida em 2016), Itamar nasceu em Tietê, no interior de São Paulo, no dia 13 de setembro de 1949. Bisneto de escravizados angolanos, cresceu ouvindo os batuques do terreiro de candomblé no quintal de sua casa. Cresceu em Arapongas, no Paraná, para onde se mudou aos 12 anos. Chegou a cursar até o segundo ano de Contabilidade, mas abandonou os estudos para fazer teatro e shows em Londrina. Aprendeu a tocar violão sozinho e, ouvindo Jimi Hendrix e arranjos de baixo e bateria, apaixonou-se pelo baixo. Mudou-se para São Paulo em 1973 para se dedicar à música. Era casado com Elizena Brigo de Assumpção, sua companheira por 35 anos.
VANGUARDA PAULISTA
Assumpção era nome frequente na lista de shows do Teatro Lira Paulistana, em Pinheiros, palco que foi denominador comum a todos os membros da Vanguarda Paulista. Todos os representantes do movimento invariavelmente passaram por lá. Ao lado de Arrigo Barnabé, Grupo Rumo, Premê (Premeditando o Breque) e dos Pracianos (Dari Luzio, Pedro Lua, Paulo Barroso, Le Dantas & Cordeiro e outros), marcou sua obra basicamente por não ter tido interferência das gravadoras, que consideravam sua obra “difícil”. Em suas canções, misturava samba com rock e funk, entre outros ritmos estrangeiros, enquanto as letras eram impregnadas de sátira e crítica social. Foi influenciado pelos trabalhos de músicos de variados gêneros, como Adoniran Barbosa, Cartola, Jimi Hendrix e Miles Davis, além de poetas como Paulo Leminski e Alice Ruiz.
OUTROS INTÉRPRETES
Entre composições suas que fizeram sucesso com outros intérpretes estão “Nego Dito”, com o sambista Branca de Neve, “Canto em qualquer canto” com Ná Ozzetti, “Já deu pra sentir” e “Aprendiz de Feiticeiro”, com Cássia Eller, “Código de Acesso” e “Vi, não vivi”, com Zélia Duncan. Além disso, participou intensamente da obra de vários artistas ligados à Vanguarda Paulistana como instrumentista, compositor ou produtor.
FALECEU EM 2003
Faleceu em 2003, de câncer de intestino, após lutar 4 anos contra a doença. Um ano depois, foi lançado o álbum “Vasconcelos e Assumpção – isso vai dar repercussão”, gravado pouco antes da sua morte, composto de apenas sete músicas, em parceria com Naná Vasconcelos. Em 2010, o Selo Sesc lançou o box Caixa Preta, com toda a discografia anterior de Itamar, bem como 2 álbuns inéditos (Pretobrás volumes II e III).

