Construídos para resgatar a história de uma cidade ou homenagear figuras importantes, os monumentos públicos da cidade sempre guardam memórias e curiosidades sobre o seu contexto. Só que, muitas vezes, as peças são esquecidas com o passar do tempo e a sua manutenção fica a desejar, o que entristece muitos apreciadores e a maioria dos moradores.
O tema foi abordado pela reportagem desta Gazeta no ano de 2013 e, passados três anos, a situação, num modo geral, continua a mesma. A falta de manutenção e zeladoria não apenas do entorno, mas das próprias peças, salvo algumas exceções, tira a atenção dos monumentos.
No caso da Estátua de Davi, em frente à entrada principal do Ceret, além da peça estar muito bem localizada, conta com segurança e é um dos cartões postais da região. A ressalva fica por conta, mais uma vez, da necessidade de se dar um novo “banho” na réplica de Michelangelo, que conta com cinco metros de altura e foi feita em argamassa pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, em 1930.



PÁTRIA E FAMÍLIA
Já a obra “Pátria e Família”, que veio para a Praça José Moreno no ano de 2000, não tem a mesma sorte. Fragmento do Monumento a Olavo Bilac, esculpida em bronze, concreto e mármore, pelo artista William Zadig, a peça foi originalmente instalada na Avenida Paulista, na atual Praça Marechal Cordeiro de Farias, em 1922, sendo levada, no ano de 1936, a um depósito da Prefeitura.
Ela só voltou a ser exibida em 1987, quando foi colocada no cruzamento entre as avenidas Celso Garcia e Salim Farah Maluf. Após uma breve passagem pela Praça Kennedy, na Mooca, em 1999, a escultura foi finalmente instalada na Praça José Moreno, no Tatuapé, no ano seguinte.
O monumento precisa receber a devida importância cultural e ser lavado. Outros problemas são encontrados ao seu redor. A praça não vem recebendo a zeladoria necessária e há muita pichação nos prédios das bibliotecas lá instaladas (Hans Christian Andersen e Cassiano Ricardo). Outro detalhe são os canteiros verdes, que passam a impressão de abandono.
ÍNDIO UBIRAJARA
Escultura inspirada no romance de José de Alencar e instalada inicialmente no cruzamento da Avenida Paulista com a Avenida Brigadeiro Luís Antonio, a peça “Índio Ubirajara” foi transferida em 1970 para a Praça Ubirajara, no Belém. De 1925 e idealizada por Francisco Leopoldo e Silva, a peça, feita em bronze, pedestal e granito também encontra-se degradada. Vários são os vãos entre os blocos de sua base de sustentação, que desde 2013 ou mais aguardam por reparos. A lança que simboliza a subsistência do povo indígena também não existe mais. Lá a situação do entorno não é das piores. A praça até que está bem cuidada, com a grama aparada, mas o monumento também precisa ser lavado.
PEDIDO DE ILUMINAÇÃO
Durante visita ao Parque do Piqueri na semana passada, o vereador Toninho Paiva foi questionado por duas moradoras do bairro sobre a situação de abandono da Praça José Moreno, inclusive sobre a situação dos monumentos. Elas pediram ao parlamentar ajuda para melhorar a iluminação do local. De acordo com as informações, está perigoso andar à pé à noite e o fluxo de pessoas, principalmente de estudantes, é muito grande. Elas ainda comentaram sobre a falta de limpeza no local, e que os problemas se arrastam há um bom tempo.
“Há cinco anos fizemos o piso da Praça José Moreno; é lastimável a situação do local e do monumento. Hoje já não temos mais recursos de emendas, mas vamos ver o que realmente pode ser feito. Tenho certeza que o próximo prefeito que ocupar o cargo irá se preocupar com o patrimônio da nossa cidade. A história tem que ser preservada. Vamos ver o que podemos fazer, sim”, observou.