A Casa do Tatuapé, uma das edificações mais antigas da cidade de São Paulo, passou a ser a porta de entrada da arte contemporânea na Zona Leste, através da exposição “Altares”, do artista brasiliense Taigo Meireles.
Com curadoria de Alex Calheiros, a mostra reúne 26 pinturas de altares barrocos, que dão seguimento na pesquisa de Taigo em refletir sobre o artista e seu ofício, e retratar à sua maneira, lugares, obras, escolas e movimentos que marcaram a história da arte.
As pinturas que integram a série “Altares” trazem algumas questões sobre a estética Barroca presente na contemporaneidade, elas permitem, através da exuberância das formas e dos detalhes dramáticos, que a tatilidade do olhar vá além do seu percurso frente à obra. Esse passado contextualizado possibilita a relação entre a estética barroca e a cidade contemporânea.
Suas pinturas conseguem apreender traços e movimentos característicos do Barroco, a religiosidade através da presença de elementos alegóricos da igreja, e o excesso, essência do movimento, sugerindo ainda, um espaço que ao mesmo tempo é interno e externo, pois o arco que se faz presente propõe uma abertura para penetrar em questões simbólicas e plásticas da história da arte.
O TRABALHO
As pinturas de Taigo são compostas por linhas que se entrecruzam, se retorcem ou se rompem, em que os volumes inflados ou vazados, se animam nos efeitos de contraste, em que o movimento se opõe ao equilíbrio, à harmonia e à estabilidade interpretando as paixões e ou fantasias.
Essa interpretação é uma interpenetração entre o religioso e o profano, deformação e contorção da anatomia dos seres vivos em estátuas sacras, que são partes do virtuosismo Barroco, impressionando o espectador com um jogo de contraste e de luz, através da massa e matéria, um apelo aos sentidos.

Ao apresentar sua versão contemporânea da alegoria barroca, Taigo retoma não somente a representação de algo, mas a apresentação de um cenário, passagem ou estado de acontecimento.
PATROCÍNIO
A exposição recebe patrocínio do FAC – Fundo de Apoio à Cultura, do Governo do Distrito Federal, do Museu da Cidade de São Paulo e do Escritório de Arte Marcelo Henrique Lima e circulará pelos estados de SP, RJ e Brasília.
CASA DO TATUAPÉ
O lugar é uma das preciosidades históricas da cidade e fica bem no coração da Zona Leste. A casa foi construída em 1698, em taipa de pilão, conta com seis cômodos e dois sótãos, que se diferencia de outros exemplares remanescentes do período colonial por apresentar telhado de apenas “duas águas”.
No início do século XIX o terreno abrigava uma olaria que produzia exclusivamente telhas. Com o desenvolvimento econômico resultante da imigração italiana, o lugar também passou a produzir tijolos. Em 1945, após a morte de seu proprietário, Elias Quartim de Albuquerque, o imóvel foi comprado pela Tecelagem Textilia. Com o loteamento da propriedade, a casa restou implantada em um terreno reduzido, cercado por outras construções muito próximas. Sua atual situação urbana impede a compreensão das relações que a Casa do Tatuapé mantinha originalmente com a paisagem.
Por volta de 1970 o imóvel foi adquirido pela Prefeitura da cidade de São Paulo, o que possibilitou que o espaço se tornasse objeto de estudo para arqueólogos, sob a responsabilidade do Departamento do Patrimônio Histórico (DPH), em projeto realizado pelo Museu Paulista da USP. Posteriormente a casa passou por obras de restauro e conservação.
VISITAÇÃO
A casa foi aberta para visitação em 1981, já com o nome Casa do Tatuapé. O imóvel passou por nova reforma para conservação em 1991 e no ano seguinte foi reaberta para população. O espaço recebe exposições históricas, atividades socioculturais, além de visitas monitoradas. Um dos destaques é o piso de terra batida em um dos cômodos, conservado após a intervenção arqueológica na casa.
SERVIÇO
A exposição pode ser vista até o dia 4 de dezembro. Onde: Rua Guabijú, 49. Telefone: 2296-4330. www.museudacidade.sp.gov.br/casadotatuape.php.