A Prefeitura de São Paulo vem desde fevereiro, juntamente com SPObras, fazendo a substituição dos pontos de ônibus antigos por modelos mais novos e modernos. Os quatro novos modelos, criados pelo designer Guto Indio da Costa, foram desenvolvidos pela Otima (um consórcio formado por Odebrecht Transport, Rádio e TV Bandeirantes, APMR Investimentos e Participações e Kalítera Engenharia), empresa contratada por meio de licitação pelo ex-prefeito Gilberto Kassab, no fim de 2012. Em troca do serviço, o grupo ganhou a permissão para explorar os anúncios por 25 anos. Este consórcio pagará R$ 167 milhões pelo direito de propaganda ao invés da Prefeitura ter que arcar com a substituição.
Até o final de 2015, todos os 6.500 abrigos e todos os 12.500 totens serão substituídos: abrigos existentes por abrigos novos e totens existentes por totens novos, e até o final do ano o consórcio responsável pela licitação prevê instalar 1.400 novos abrigos. O problema é que essa substituição não vem agradando os usuários. Se nos abrigos novos, localizados em sua maioria em bairros nobres, a maior reclamação é por causa da sensação térmica, nos bairros da zona leste as queixas são outras: muitos dos pontos que antes eram cobertos, agora estão sendo substituídos por totens e outros ficaram completamente sem identificação.
USUÁRIOS PERDIDOS
Na Avenida Nordestina, muitas pessoas estão perdidas com relação aos pontos de ônibus. Segundo a moradora do bairro, Marcela Aparecida dos Santos, 19, que esperava o ônibus debaixo de chuva, em um ponto que tinha deixado de existir próximo a altura 3.800 da avenida, essa mudança não trouxe melhorias. “Apenas quem conhece o bairro sabe que aqui existia um ponto. Antes ele era coberto e hoje ele foi substituído por nada. Já faz mais de um mês que retiraram o abrigo e não colocaram nada no lugar”, comenta a jovem. Embora o ponto não exista mais, Marcela afirma que os motoristas de ônibus ainda fazem as paradas nos locais onde existiam os pontos antigos.
Já na Rua Itinguçu, localizada próximo ao bairro da Penha, a reclamação é parecida. O antigo ponto, que era coberto e estava em bom estado, foi substituído apenas por um totem, e gerou indignação. A aposentada, Wilma Bicudo Garcia, que reside no bairro desde que nasceu, lamenta a ação “O de antes não era bonito, mas era útil. Agora esperamos ônibus debaixo de sol e de chuva, sem nenhum conforto. Pra mim isso é um retrocesso” conclui.
RESPOSTA
A Assessoria de Imprensa da SPObras respondeu a esta Gazeta, que a instalação de novos abrigos obedece a um processo de troca de mobiliário, e que este processo é mais fácil em alguns pontos, pois alguns locais oferecem infraestrutura mais adequada do que outros. A empresa disse também que a concessionária está fazendo a substituição de tudo dentro do prazo estipulado e que todos os lugares que antes tinham abrigos voltarão a ter abrigos dentro de algumas semanas.