O bairro do Tatuapé foi palco do primeiro encontro das “Conversas em #rede”, no dia 5, realizadas na Fundação Idepac. A iniciativa formulada pela Rede de Sustentabilidade teve por objetivo promover o debate entre as autoridades, pesquisadores e membros da sociedade civil sobre o futuro destino do país, em relação às mudanças climáticas, no Dia Mundial do Meio Ambiente.
Cerca de 200 pessoas estiveram presentes no encontro que foi presidido pelo porta-voz da #rede, Cassio Martinho, e puderam acompanhar a palestra do estudioso sobre as mudanças de clima e pesquisador sobre as interações entre as florestas e atmosfera, Antonio Donato Nobre.
DIÓXIDO DE CARBONO
Com o tema “400 ppm e agora?”, que significa que a cada um milhão de moléculas no ambiente, 400 são de dióxido de carbono (CO2), o também pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), fez uma exposição inicial sobre os impactos da recente marca no planeta, tema que foi debatido por Tasso Azevedo, João Paulo Capobianco, Almir Suruí, Rubens Born e Sergio Leitão.
De modo simples e de fácil entendimento, o cientista falou sobre a aceleração das emissões de gás carbônico e a suas consequências. “As plantas utilizam o CO2 na fotossíntese, porém com toda essa concentração, chega uma hora que essa capacidade de retirar CO2 da atmosfera se esgota. Nós estamos vendo uma falência desses sistemas de absorção e, apesar do Protocolo de Quioto e de tudo que tentamos fazer, as emissões continuam subindo.”
GOVERNO E CIÊNCIA
Nobre também ressaltou a dificuldade do governo adquirir no país o sistema de automóveis abastecidos com energia elétrica ou solar, o que diminuiria a emissão de gases e poluição da atmosfera. “Eu sonho com o dia em que poderei comprar o meu automóvel elétrico. É tão mais simples, basta carregá-lo com energia solar e terei combustível por 3 horas, sem agredir o meio ambiente, só isso”, informou.
O cientista apresentou vários gráficos e estudos que compravam a rapidez em que o planeta está sendo degradado. Para ele, é importantíssimo que a ciência seja apresentada de maneira clara aos membros da sociedade, para que todos entendam o que está acontecendo com o planeta Terra. “Os cientistas precisam descer do pedestal e conversar com as pessoas sobre as mudanças climáticas, de uma forma simples e compreensível.”
INTERAÇÃO
Após o término da palestra, os demais participantes deram continuidade ao debate e abordaram assuntos relacionados às principais fontes de emissões de gás carbônico, ética, desenvolvimento sustentável e soluções tecnológicas.
O líder indígena Almir Suruí falou da importância de unir forças para diminuir os efeitos das mudanças climáticas. “É preciso aliar o conhecimento dos cientistas com o dos povos tradicionais, assim poderemos reconhecer a floresta como um ser vivo e evitar a destruição do nosso planeta.”
Quem esteve no auditório do Idepac ou acompanhou as discussões pela Internet, teve a oportunidade de fazer perguntas aos debatedores, no término das atividades.
NO BAIRRO
O presidente e fundador da Fundação Idepac, Sérgio Contente, falou para a reportagem sobre o valor do encontro para os moradores do bairro.
“Primeiramente, as manifestações políticas são realizadas na regiões centrais da cidade. Trazer esse tipo de debate para os moradores da Zona Leste, é abrir portas para o conhecimento sobre esse tema que é tão importante para a nossa vida e de futuras gerações, apresentando também o bairro para muitas pessoas que não conhecem essa parte da cidade.”

