Apesar da empolgação das mais de 200 pessoas que foram à audiência pública “Metrô 24 horas”, na Assembleia Legislativa, na última quarta-feira, 20, o gerente de manutenção, Milton Gioia, representando a Companhia do Metropolitano, apresentou uma argumentação contrária ao projeto encabeçado pelos deputados Leci Brandão e Luiz Cláudio Marcolino. Segundo o gerente, a segurança dos usuários deve estar em primeiro lugar. E para que isso seja eficaz, é necessário seguir uma série de regras e normas cuja execução só se dá com os trens parados.
LEI SECA
Embora o gerente tenha tentado esmorecer o público presente, o deputado Marcolino, autor do Projeto de Lei 621/11, rebateu suas alegações afirmando que a cidade concentra uma enorme quantidade de empresas com até quatro turnos de trabalho. Além disso, São Paulo possui hotéis, supermercados, restaurantes e casas de show que funcionam durante a madrugada. Marcolino também frisou o fato do PL colaborar para a obediência à Lei Seca.
VIRADA CULTURAL
Leci Brandão, autora do PL 379/11, ressaltou concordar com o projeto de Marcolino, apesar de ter proposto o funcionamento ininterrupto do Metrô apenas nos fins de semana. “Nossa cidade é pulsante durante 24 horas. Sendo assim, porque as pessoas não têm o direito de ter um transporte que funcione durante este período? Têm sim. Tanto é que durante a Virada Cultural os trens atendem continuamente”, lembrou a deputada.
LIMPEZA E AJUSTES
Conforme Milton Gioia, as ideias apresentadas não convencem a Companhia de que é possível tornar os projetos concretos. O Metrô transporta 4,5 milhões de passageiros por dia. Para isso, a partir da 1 hora até as 4 os trilhos são desenergernizados para manutenções programadas e corretivas. Gioia salientou, ainda, que nesse mesmo período são observados: sistema de controle de circulação dos trens, limpeza, ajustes e lubrificações. O gerente destacou, também, a necessidade do controle de pragas, como ratos e baratas.
VERBA EXISTE
Luiz Antonio Queiroz, secretário de Saúde do Trabalhador, da CUT, disse que a população quer saber como resolver as questões técnicas. Queiroz também estava indignado com o fato do Metrô de São Paulo ser o transporte mais caro do mundo, não ter conforto, velocidade e pontualidade. Sobre a possibilidade de poder definir a questão, Marcolino lembrou que o governador Geraldo Alckmin tem à disposição para o Metrô e a CPTM, mais de R$ 16 bilhões em verbas autorizadas pela Assembleia.
SEM INVESTIMENTO
Como não há investimento, segundo Ciro Moraes, secretário de Comunicação do Sindicato dos Metroviários, fica impossível atender a esses projetos. “São poucos funcionários e linhas insuficientes para realizar uma manutenção de suporte. Sem contar um corte do governo de R$ 2 bilhões para transporte e habitação. Somos favoráveis ao Metrô 24 horas, contudo, como iremos dar conta?”, desabafa.
No final, o deputado Marcolino frisou que faltaram ao encontro, após convite, o presidente do Metrô, Peter Walker, o secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, representantes da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), da Empresa Metropolitana de Transporte Urbano (EMTU) e da Secretaria de Segurança Pública do Estado.