Pagamos impostos, tentamos honrar com todas as nossas dívidas e fazemos de tudo para agir com honestidade no dia a dia. Quando quase a totalidade da população faz isso, porque parece tão difícil para outras pessoas? Simplesmente por que impera a impunidade e a vontade de se levar vantagem em tudo, principalmente quando o dinheiro é público.
Vejam o caso dos servidores do Senado e da Câmara. Recebem salários de R$ 28 mil, mais gratificações, e quando veem que os órgãos públicos começam a depositar verbas e horas extras indevidas, em suas contas, fingem-se de mortos. A questão é que esse excedente custou para nós, pobres mortais, cerca de R$ 150 milhões e R$ 500 milhões por ano, pelo menos desde 2009, quando foi iniciada a auditoria no Congresso.
Somos afrontados em nossas dignidades por conta do desrespeito. Afinal o trabalhador comum, da área privada, recebe o seu salário, 13º e tem direito a férias. Mais do que isso, só se fizer empréstimos ou “estourar” o cartão de crédito. Enquanto isso, aqueles que são pagos por nós e deviam nos prestar serviços, tentam vilipendiar os cofres públicos de todas as maneiras, sem o mínimo pudor.
Infelizmente não temos para onde correr, pois nos tiram dinheiro de todos os lados, seja enquanto trabalhadores, empresários e até mesmo aposentados. Se somos donos de uma casa humilde, mas o entorno começa a se valorizar, temos de pagar IPTU. Se o mesmo local se desenvolve e começa a atrair grandes investimentos, o imposto sobe mais ainda.
Para o empresário a situação é ainda pior, pois, além dos encargos trabalhistas, ele tem de manter a produção, as máquinas e equipamentos e o altíssimo IPTU do imóvel, dependendo da região em que estiver. Já o aposentado, se não fizer um bom “pé de meia” antes, irá sofrer também, pois por mais que ele pague ao INSS, a inflação irá consumir a sua aposentadoria.
Mas com todos os brasileiros é assim? Não! Até porque os servidores do alto escalão têm um teto salarial diferenciado quando se aposentam e não precisam trabalhar o mesmo tempo que a maioria dos trabalhadores. Se o direito deles está apoiado na lei, não há como contestar. Porém, quando se faz uso disto para extrapolar o limite do bom senso, a mesma lei deveria punir de forma exemplar.
Se o trabalhador é punido com a perda de seus bens quando não paga seus impostos, porque o deputado, senador ou funcionário público de carreira não pode ser tratado de maneira igual? A população está na rua pelo fato de não aguentar mais ser vista como idiota. Não dá pra viver de promessas. As pessoas não conseguem consumir o mínimo para a sobrevivência e, quando ligam a televisão, veem bandidos travestidos de servidores – não todos – vivendo às custas das tetas do governo, que é sustentado por nós.
Parafraseando a canção, nós podemos ser fracos perante o poder, mas somos muitos. Sendo assim, temos voz quando nos unimos em busca de um mesmo objetivo, como já foi comprovado pelo movimento passe livre. Por isso, os atos devem ser contínuos, organizados e pacíficos. Tudo deve ser feito com base no direito constitucional e do consumidor.
Quando vemos obras públicas paradas, parlamentares faltando a sessões para resolver questões particulares, funcionários públicos recebendo propina e outros desrespeitos, ficamos revoltados. No entanto, infelizmente achamos tudo tão normal que engolimos os sapos. Resta saber até quando seremos roubados por aqueles que são pagos para tornar a nossa vida menos burocrática e menos custosa do ponto de vista de quem sempre deve e nunca recebe em troca.