Dirigir pelas avenidas da Zona Leste tem sido cada vez mais perigoso. Vias como Radial Leste, Aricanduva, Salim Farah Maluf, marginal Tietê, entre outras, estão entre as campeãs em números de acidentes envolvendo carros, motos, caminhões, ônibus e ciclistas. Diante do problema, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) vem investindo em duas ações principais com o intuito de aumentar a segurança dos motoristas: diminuir a velocidade de circulação nesses locais e instalar novos radares, móveis ou fixos.
CONVERSÕES
Para condutores de veículos e especialistas a questão é controversa. O motorista de ônibus Carlos Vasconcelos, por exemplo, afirmou que existe um equipamento para detectar radares. Em muitos casos, segundo ele, o motorista reduz a velocidade em pontos específicos e depois volta a acelerar. Por outro lado, o estudante André Santana, alertou para a falta de sinalização adequada em vários pontos da cidade. “As conversões nas quais é preciso atravessar faixas de ônibus quase sempre resultam em multas, mas não por culpa do motorista. Geralmente as placas informativas estão mal posicionadas ou encobertas”, explicou.
MARGINAL
Na Marginal Tietê, junto à Ponte das Bandeiras (sentido Rodovia Castelo Branco), o motorista deve tomar cuidado com a conversão à direita. A entrada é permitida apenas para táxis ou ônibus, mas só há sinalização de solo e a placa indicativa está depois que o condutor já entrou no acesso. O problema maior é que existe um radar no local e muitas pessoas chegaram a ser multadas diversas vezes no mesmo dia.
Voltando à questão da segurança, a técnica em informática, Isabela de Souza, reclamou da falta de mais campanhas educacionais. “Com a ausência dessas medidas, as ações acabam sendo impositivas e os motoristas não tomam consciência sobre o respeito às leis, dificultando o convívio harmonioso no trânsito”, comentou.
FALTA EDUCAÇÃO
Como a educação não é aplicada às vezes na formação do motorista e também depois ao condutor que já tem a carteira de habilitação, vêm as multas e os radares. Mesmo assim, as pessoas continuam desrespeitando os limites de velocidade, existindo ou não os equipamentos de controle. Em trechos das avenidas Radial Leste e Aricanduva, por exemplo, muitos carros circulam a 100 km/h, quando a permissão é no máximo 60 km/h. Nesses pontos os radares foram retirados e não foram repostos. Aí fica a pergunta: é melhor educar ou punir?
ESPECIALISTAS
David Duarte Lima, doutor em segurança de trânsito, afirmou que o jovem dirige de forma mais arrojada, no sentido de aceitar mais os riscos na direção. Para ele, uma das provas disso está relacionada a uma pesquisa americana ter revelado que esses novos motoristas têm o hábito de guiar o veículo e enviar mensagens pelo smartphone ao mesmo tempo.
Lima relatou que em outros países a tecnologia é usada para fiscalizar e evitar conflitos no trânsito, além de se aplicar a lei de maneira dura contra os infratores. “Os profissionais de trânsito têm formação técnica apurada e há um plano estratégico para a redução da violência no trânsito”, declarou.
Segundo o especialista, o Código de Trânsito Brasileiro é ignorado e desrespeitado pelo governo e pelos cidadãos. O DPVAT, por exemplo, pagou 60 mil indenizações por morte e 350 mil por invalidez permanente no ano passado. Os dados mais recentes mostram um avanço anual de 6% nas mortes e de 47% nas indenizações por invalidez permanente.
CONSULTORA
Com relação aos radares, a consultora especializada em segurança viária, docente e coordenadora de cursos de pós-graduação em engenharia de trânsito urbano e rodoviário, Lúcia Brandão, disse que a falta de informações precisas pode resultar em erros de projetos e possivelmente na instalação desnecessária de medidores de velocidade.
Como autora do livro “Medidores eletrônicos de velocidade – uma Visão da Engenharia para Implantação”, Lúcia propõe um tratamento adequado à questão, incluindo desde a seleção de limites seguros de velocidade até a implantação de equipamentos apropriados. Ela também detalhou que a instalação deve ter como base a identificação de cenários de riscos por excesso de velocidade, sempre num contexto de prevenção e não apenas com base no histórico de acidentes.
O OUTRO LADO
A Companhia de Engenharia de Tráfego informou que a Avenida Radial Leste conta com 11 equipamentos de fiscalização eletrônica, referentes ao contrato antigo. Esses equipamentos estão em funcionamento e, hoje, fiscalizam infrações de velocidade, rodízio, fretamento, caminhões e faixa exclusiva para ônibus.
A assessoria disse, ainda, que tendo em vista a ampliação do parque de fiscalização eletrônica na cidade, a CET irá instalar novos radares na via. A intenção é instalar pelo menos mais seis equipamentos na Radial Leste.
Já a Avenida Aricanduva, conta atualmente com sete radares em operação, fiscalizando velocidade e faixa exclusiva de ônibus. A fim de modernizar os equipamentos e otimizar a fiscalização, a CET pretende substituir parte desses radares e instalar outros.
A empresa também revelou não dispor de todos os locais onde os radares serão instalados e estarão em operação. De todo modo, a assessoria esclareceu que esses equipamentos poderão ser dos tipos fixos e estáticos (móveis). A Companhia relatou ainda estar fazendo um mapeamento dos endereços.
Por fim, a CET destacou que dos 132 equipamentos/locais fiscalizados já instalados dos contratos novos, 27 já estão em operação. São 17 radares fixos e 10 móveis (estáticos). Eles estão nas regiões do centro, Mooca, Ipiranga, Perdizes e Interlagos. A relação dos antigos equipamentos existentes na cidade podem ser consultados no link.