Na última quarta-feira, 8, a Subprefeitura Itaquera realizou a primeira reunião para a introdução à revisão do Plano Diretor Estratégico da região. Para falar sobre o tema, o subprefeito Guilherme Henrique de Souza e Silva convidou a coordenadora de Planejamento e Desenvolvimento Urbano (CPDU), engenheira e urbanista Taisa da Costa Endrigue. Além dela, também participaram do encontro os vereadores Alessandro Guedes e Paulo Frange, representantes do Clube dos Diretores Lojistas, da Associação das Indústrias da Região de Itaquera (Airi), entre outras instituições.
REPLANEJAR
Antes de Taisa iniciar sua palestra, Frange ressaltou o problema de déficit de habitação que existe na cidade. Segundo ele, se a Prefeitura tivesse de cumprir toda a meta necessária, deveriam ser construídas 227 mil casas, a um custo de R$ 14 bilhões. Como não há essa possibilidade, o governo Haddad propôs construir 55 mil habitações até o fim do governo.
O vereador destacou o fato da cidade precisar ser “replanejada”, com propostas de convivência pacífica, sem gerar incômodos para outros setores da sociedade. Frange utilizou como exemplo o fato de não existir uma Plano Diretor de Segurança. “Se formos comparar em termos de impacto, pergunto: quantos postos de trabalho a Secretaria de Segurança Pública criou para policiais militares e civis, em comparação ao número de construções de shoppings na cidade?”, questionou.
CONSTRUTORAS
Além desta indagação, Frange comentou ainda o fato de muitas construtoras direcionarem seus imóveis para casais sem filhos, porém os bairros não possuem infraestrutura de saúde, por exemplo, com maternidades que possam atender o crescimento destas famílias. “Portanto, precisamos voltar a pensar a cidade como um todo e não setorizá-la em detrimento de questões particulares”, finalizou.
Aproveitando a deixa, Taisa frisou que a proposta de reorganizar a cidade tem como fundamento o fato de São Paulo ter passado por pelo menos três mudanças radicais em seu desenvolvimento. Com características coloniais no princípio, ela passou pela industrialização até chegar no que é hoje, uma cidade terciária ou de prestação de serviços.
MORADIAS
Após sua consolidação, principalmente na área central, o governo propôs a criação de moradias em áreas mais periféricas, pois não havia mais terrenos. A partir desta realidade, começaram a surgir os conjuntos habitacionais, como a Cohab de Cidade Tiradentes, o Conjunto José Bonifácio, entre outros. “O problemas é que essas construções não contemplavam a infraestrutura, portanto, muitas ruas não tinham asfalto, não existiam mercados ou padarias, nem escolas”, explicou a coordenadora de Planejamento. Hoje, com todo este histórico, só a região de Itaquera, por exemplo, tem uma taxa de desemprego de 20%.
MANIFESTAÇÕES
No final da exposição de Taísa, os presentes puderam se manifestar. Representantes do Secovi disseram querer obter a igualdade construtiva de outras regiões, ou seja, construir habitações para atender o topo da pirâmide social. A representante da Airi reivindicou que a lei de zoneamento da Gleba do Pêssego, onde estão concentradas as indústrias da região, seja estritamente industrial (comercial). Outra moradora sugeriu a proteção de três nascentes existentes na Avenida Cristóvão de Salamanca, no distrito de José Bonifácio. Apesar do evento ter tido um quorum muito reduzido, a assessoria de comunicação da subprefeitura afirmou que foi feita a divulgação para a mídia e o gabinete ficou responsável por convidar empresários e a comunidade.