A Sabesp diz que não há restrição no abastecimento em nenhuma das cidades atendidas pela concessionária, mas na região há fortes indícios de que as interrupções estão, sim, acontecendo.
Por mais de uma vez, moradores do Tatuapé relataram à reportagem que notaram, através de torneiras com abastecimento direto da rua, a falta de água. De acordo com as informações, isso vem ocorrendo há pelo menos dois meses.
Dependendo do endereço, o abastecimento segue contínuo por três ou quatro dias e depois ocorrem intervalos no abastecimento durante alguns períodos do dia, sendo mais comum de acontecer à noite, isso em dois ou três dias da semana. Às vezes pode ser ao contrário ou a sequência pode variar e até mesmo ser completamente diferente.
“Depois, quando volta, vem com pressão e fica falhando. Geralmente a água chega no início da manhã muito branca ou turva. Mas aí vai melhorando com o uso, entende. Mas o importante, agora, é que todo mundo tenha a consciência de que o momento é de economizar. A gente sabe que não tem água nos reservatórios da cidade e o pouco que chega nas residências tem que fazer render”, contou a moradora do bairro, Shirley Petinati.
SEM RESTRIÇÃO
A reportagem entrou novamente em contato com a Sabesp que, mais uma vez, respondeu que “não há racionamento, rodízio, nem qualquer outro tipo de restrição de consumo em nenhuma das 364 cidades do Estado de São Paulo onde a empresa atua.”
Para garantir o fornecimento de água à população da região metropolitana, a estatal voltou a destacar as ações que vêm sendo adotadas. Entre elas, a implantação do bônus para os clientes que, ao reduzirem o consumo em 20% ganham 30% de desconto na conta de água; a transferência das vazões dos sistemas Alto Tietê, Rio Grande, Rio Claro e Guarapiranga para atender as áreas que são originalmente abastecidas pelo Cantareira; e a utilização da reserva técnica das represas Jaguari/Jacareí e Atibainha.
“Só com a captação de água dessa reserva técnica, iniciada em 15 de maio, o nível do Sistema Cantareira utilizável foi acrescido de 182,5 bilhões de litros de água. Foram solicitados outros 106 bilhões de litros que serão usados apenas se for necessário. Com base em todas as medidas já implementadas, a Sabesp garante o abastecimento de toda região até março de 2015”, explicou a Sabesp através de uma nota oficial encaminhada à redação.
POÇOS ARTESIANOS
Com a falta de chuvas e o tempo seco se intensificando dia após dia, a Prefeitura de São Paulo resolveu tomar uma decisão: contratar uma empresa para perfurar poços artesianos na cidade. Isso irá acontecer em cada uma das 32 subprefeituras para o abastecimento emergencial de creches e hospitais, caso falte água na cidade.
Para isso, uma licitação por ata de registro de preço está sendo elaborada pela Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, para agilizar as perfurações o quanto antes.
Vale destacar que para construir um poço é preciso outorga de uso de água subterrânea do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) e licença da Companhia Ambiental de São Paulo (Cetesb). Ambos os órgãos são estaduais.
ÍNDICES NOS SISTEMAS
Na quarta-feira, dia 24 de setembro, os índices nos sistemas que abastecem a região metropolitana de São Paulo eram os seguintes: Cantareira – 7,6%, Alto Tietê – 12,3%, Guarapiranga – 52,5%, Alto Cotia – 35,4%, Rio Grande – 77,1%, Rio Claro – 63,9%.
A Sabesp já divulgou anteriormente que também aguarda pelo retorno do período de chuvas no mês de outubro e que isso ajudará na recuperação dos mananciais.