Nos próximos 20 dias os vereadores de São Paulo estarão se preparando para o recesso parlamentar de julho. Além de ficarem cerca de dois meses sem trabalhar no fim do ano, agora, no próximo mês, eles terão uma nova pausa.
Com o período de campanha eleitoral chegando, eles terão uma oportunidade de preparar e fortalecer suas bases políticas. Essa parada também servirá para que os vereadores adiantem a votação de projetos da cidade.
Por se tratar de momento importante, para que muitos bairros se beneficiem de ideias que estariam engavetadas, os moradores têm um papel fundamental de lembrar mais uma vez das promessas feitas.
Afinal, esse mês passa rápido e quando os vereadores voltarem terão mais uns dois ou três meses para iniciar nova campanha eleitoral. Como num piscar de olhos, estaremos nós de novo na urna eletrônica para escolher quem irá legislar por São Paulo.
Se formos fazer as contas de quanto tempo nossos nobres parlamentares efetivamente ficam na Câmara votando novas leis ou criando projetos no ano, veremos que o tempo deles, e o nosso também, é muito importante para ser desperdiçado. São três ou quase quatro meses de recesso, mais um mês, por baixo, contando as idas e vindas às suas bases. Sobrariam, então, cerca de sete meses de discussões ininterruptas e votações constantes. Você acredita? Eu também não.
Se muitos projetos de lei não fossem postergados, a cidade com certeza seria um exemplo em diversas áreas e não uma vergonha. Sem citar nomes, mas você se lembra em quem votou para vereador? Conhece os projetos que ele defende ou o cobra para atender às necessidades da região na qual você vive?
O tempo passa e parece que a gente não aprende. Só para lembrar de um fato aterrorizante noticiado na semana passada, tem funcionário da Câmara ganhando mais do que o prefeito. E depois da divulgação, o que aconteceu? Muita gente achou um absurdo, porque enquanto o aposentado recebe dois salários mínimos, um servidor da Câmara recebe até R$ 24 mil. O problema é que em São Paulo a indignação é momentânea e depois tudo continua como se nada tivesse acontecido.
Telefonar para o vereador para reclamar dessa afronta dá muito trabalho. Enviar um e-mail, então, é cansativo. Entrar na página do parlamentar na Internet e mandar um recado, leva tempo. Ou seja, nada é possível quando o eleitor precisa fazer sua obrigação e cobrar seus direitos. Só que depois da eleição, quando o candidato ganhar e tiver a chance de ficar quatro anos na cadeira, as pessoas acreditam terem cumprido sua missão, a de digitar os números na urna.
As coisas não são tão simples quanto parecem, mas, se o eleitor continuar levando a questão sem dar muita importância, nossos nobres parlamentares também irão relaxar e gozar, como diria a ex-prefeita Marta Suplicy.
Sendo assim, não adianta reclamar da falta de creches para seus filhos, da falta de médicos nos postos de saúde ou de merenda nas escolas. Se os secretários e o próprio prefeito são os responsáveis por acompanhar os problemas e resolvê-los, porém não o fazem, os vereadores são o elo entre a população e a Prefeitura para pressionar. A sociedade precisa se valorizar mais. Caso contrário, todos continuarão sendo enganados, achando que discutindo na rua ou brigando com a televisão, em casa, levará a algum resultado prático. Use a tecnologia a seu favor e haja como cidadão, na verdadeira acepção da palavra.