Está muito difícil, mas os poderes se debatem e acabam, através da discussão, trazendo algumas luzes.
O Judiciário, por meio do Supremo Tribunal Federal, resolveu uma questão que é centenária no Brasil e que não agradará aos servidores públicos, classe privilegiada, pois começa a colocá-los em posição de igualdade com os demais trabalhadores do País. Falta, agora, a previdência social.
Por 6 votos a 4, o STF decidiu que servidores públicos em greve deverão ter os dias parados descontados do pagamento.
Na verdade, greve sem desconto em folha é feriado, é ferias porque o cidadão não trabalha.
A greve nos serviços públicos causa vários transtornos e, geralmente, afeta por demais o povo.
Quando escolas públicas entram em greve, as crianças ficam na rua e ainda ficam sem a merenda, muitas vezes a única refeição do dia.
Quando médicos, enfermeiros, funcionários da saúde pública fazem greve, os já parcos estabelecimentos ficam sem poder atender a população mais carente que depende diretamente desses serviços. Consultas, exames, cirurgias, às vezes marcadas há anos, acabam remarcados para mais um ano.
Quando os policiais entram em greve, a população fica sem segurança alguma. Quando portuários e aeroviários entram em greve, a população não tem como se movimentar.
Então, é de se perguntar: contra quem é a greve?
Na iniciativa privada acontece o mesmo, mas sempre haverá um plantão, uma alternativa, porque o empresário se importa com isso e busca soluções. Mas na área pública, pouco se importam os governantes.
De todo não foi fechada a questão de desconto em folha dos dias de greve, ficou uma brecha, ou seja, se houver acordo entre as partes, pode haver uma compensação.
O voto do ministro Roberto Barroso vem bem ao encontro do que acabamos de falar, ou seja: “O corte de ponto é necessário à adequada distribuição dos ônus inerentes à instauração da greve e para que a paralisação, que gera sacrifícios à população, não seja adotada sem maiores consequências”.
Por outro lado, o movimento sindical diz que a decisão do STF não impedirá protestos contra Michel Temer. “Nossa categoria não é de recuar”, diz Sergio da Silva, da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal.
Luiz Roberto Barroso concluiu seu voto de forma brilhante, já que expressou bem o sentimento do povo brasileiro: “Quem quer fazer a greve não pode terceirizar o ônus”, que é exatamente o que ocorre. Eles fazem a greve, nós sofremos, eles tiram férias, nós pagamos e eles, mesmo sem trabalhar, ganham seus salários, benefícios, quinquênios e uma aposentadoria integral, com o valor dos salários da ativa.
Aí está a grande desigualdade e são essas diferenças que devem acabar. E é o que parece que começa acontecer no País. A moralização está passando a fazer parte das discussões de nossos políticos no dia a dia. Todo o movimento de impeachment, de Lava Jato, de prisões, isso tudo está surtindo um efeito muito bom. Quem tem, tem medo, e os políticos agora temem um pouco mais a lei, os poderes, as autoridades e a respeitar o povo.