Integrantes e a diretoria da Escola de Samba Acadêmicos do Tatuapé foram surpreendidos, na manhã da última terça-feira, 6, com a presença de duas oficiais de justiça na frente do barracão, localizado na Rua Melo Peixoto, 1.513, sob o Viaduto Antonio Abdo. Acompanhadas de 20 agentes da Subprefeitura Mooca, quatro caminhões e guardas da GCM, elas chegaram ao local com uma ordem judicial de reintegração de posse.
SOLIDARIEDADE
Sem tempo para se organizar, representantes da escola correram para retirar instrumentos, fantasias, caixas de som e outros materiais pertencentes aos grupos responsáveis pelas escolas de bateria, dança e por outros eventos. Muitos moradores próximos, que também desfilam pela agremiação, foram solidários e acolherem uma parte do material em suas casas. Enquanto isso, os advogados da agremiação, Sandra Correia e Elizeu Lopes negociavam com os funcionários da Prefeitura para que o restante dos equipamentos fosse retirado sem que houvesse danos.
SURPREENDIDOS
Segundo o presidente da escola, Eduardo dos Santos, a atitude da Prefeitura surpreendeu a todos, pois na última reunião que ele teve com a vice-prefeita Nádia Campeão, além de ter sido bem recebido, ficou clara a sua disposição em legalizar o espaço, inclusive com a aprovação da própria Nádia. “Depois disso, e de inúmeros documentos encaminhados à Prefeitura, o pedido de reintegração foi aceito e tivemos de sair”, espantou-se.
Santos fez questão de frisar que a escola recebeu total apoio de moradores e comerciantes da região, principalmente pela recuperação do local e melhorias do entorno da quadra. “Além da pintura e manutenção do espaço, iluminamos as duas laterais do viaduto o que proporcionou o aumento da sensação de segurança das pessoas”, contou.
REGULARIZAÇÃO
A advogada Sandra revelou que desde 1989 a agremiação tenta regularizar a utilização do espaço. Conforme ela, a escola sempre se preocupou em fazer com que a área fosse um ponto de encontro, de cultura e lazer. Por conta disso, desenvolve uma série de eventos com o objetivo de unir a população com os profissionais do Carnaval. “Agora que a Prefeitura lacrou o local ficamos preocupados com a possibilidade de invasão, seja por usuários de droga ou moradores de rua”, explicou.
QUASE R$ 200 MIL
Após o ocorrido, membros do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) do Parque São Jorge, além de moradores e empresários do entorno, se mobilizaram para retomar o espaço. Para isso, elaboraram um abaixo-assinado que será entregue ao prefeito Fernando Haddad. No documento, as pessoas solicitam a permanência da agremiação no endereço, apresentando como justificativas as benfeitorias e os projetos sociais mantidos pela escola.
O processo sobre o caso, nº 0030649-13.2005.8.26.0053, que tramita desde 2005 na 3ª Vara da Fazenda Pública, exige da Acadêmicos do Tatuapé o pagamento da ação no valor de R$ 187.570,00.